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versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.27 n.6 Caracas jun. 2002

 

INÍCIO DE UM PROGRAMA DE SELEÇÃO DE ABELHAS AFRICANIZADAS PARA A MELHORIA NA PRODUÇÃO DE PROPOLIS E SEU EFEITO NA PRODUÇÃO DE MEL

Antonio José Manrique e Ademilson Espencer Egea Soares

Antonio José Manrique. Zootecnista, UNELLEZ. M.Sc. em Produção Animal, Universidad Central de Venezuela. Doutor em Genética, Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto. Pesquisador II, Instituto Nacional de Investigaciones Agrícolas (INIA), Caracas, Venezuela. Endereço: INIA-Presidencia, Parque Central, Torre Este, piso 11, Caracas 1010, Venezuela. e-mail: tonyman77@terra.com.ve

Ademilson Espencer Egea Soares. Biólogo, M.Sc em Genética e Doutor em Genética, USP- Ribeirão Preto. Professor, Departamento de Genética, Faculdade de Medicina, USP-RP. Brasil. e-mail: aesoares@fmrp.usp.br

Resumo

Algumas colônias de abelhas Apis mellifera produzem mais própolis que outras, e esta característica pode ter controle genético. Esta possibilidade foi estudada neste experimento, desenvolvido de abril a julho de 1999, na reserva florestal de cerrado "Pé de Gigante", Santa Rita de Passa Quatro, Estado de São Paulo, Brasil. O objetivo foi iniciar um programa de melhoramento genético de abelhas para aumentar a produção de própolis e verificar a correlação entre produção de própolis e de mel. Em sete apiários foram usadas 100 colônias de abelhas procedentes de enxames capturados na reserva florestal "Pé de Gigante". Foi feita a análise de variância, usando as provas de Kruskal-Wallis e a de Mann-Whitney. A própolis foi colhida num coletor do tipo Apis Flora. Só 25 colônias produziram própolis com média de 87,45g e as outras 75 não produziram própolis. As colônias produtoras de própolis (CPM) foram superiores (P<0,001) na produção de mel, com média de 26,98kg contra 13,93kg das colônias não produtoras de própolis (CM). Os resultados mostraram correlação direta entre a produção de própolis e a produção de mel com valores de r=0,422 e P=0,00001256, mostrando que as abelhas que mais produziram própolis também produziram mais mel. Os resultados mostram que é possível selecionar abelhas para aumentar a produção de própolis e para melhorar a produtividade de mel.

PALAVRAS CHAVES / Abelhas / Mel / Própolis /

Summary

Some colonies of Apis mellifera bees produce much more propolis than others, a trait that could be under genetic control. This possibility was investigated in an experiment carried out from April to July 1999, in the "cerrado" forest reserve Pé de Gigante, Santa Rita de Passa Quatro, São Paulo State, Brazil. The objective was to begin a genetic breeding program of bees to improve propolis production and verify the correlation between propolis and honey production. In seven apiaries, 100 colonies of Africanized honeybees originating in swarms and captured in forest reserve "Pé de Gigante" were used. Kruskal-Wallis and Mann-Whitney tests were used. The propolis was collected in an Apis Flora collector. Only 25 colonies produced propolis, 87.45g on average, while the other 75 colonies did not produce propolis. The colonies, producers of propolis were better (P<0.001) in honey production, with an average of 26.98 kg/colony vs 13.93 kg/colony for non-propolised colonies. A positive correlation between propolis and honey production with r=0.422 and P=0.00001256 was found, showing that the bees that produced more propolis also produced more honey. The results show that it is possible to select bees for an increase of propolis production and improve the honey productivity.

Resumen

Algunas colonias de abejas Apis mellifera producen mas propóleos que otras y esta característica pudiera tener control genético. Esta posibilidad fue estudiada en este experimento desarrollado entre abril y julio 1999 en la reserva forestal de cerrado "Pé de Gigante", Santa Rita do Passa Quatro, Estado de São Paulo, Brasil. El objetivo fue iniciar un programa de mejoramiento genético de abejas para aumentar la producción de propóleos y verificar la correlación entre producción de propóleos y de miel. En siete apiarios fueron utilizadas 100 colonias de abejas procedentes de enjambres capturados en la reserva forestal "Pé de Gigante". Se realizaron pruebas paramétricas de Kruskal-Wallis y de Mann-Whitney. El propóleo fue colectado en colector tipo Apis Flora. Sólo 25 colonias produjeron propóleos con una media de 87,45g y las otras 75 no colectaron propóleos. Las colonias productoras de propóleos (CPM) fueron superiores (P<0,001) en la producción de miel, con media de 26,98 kg/colonia contra 13,93kg. de las colonias no productoras de propóleos (CM). Se encontró correlación positiva entre producción de propóleos y de miel, con r=0,422 y P=0,00001256, mostrando que las abejas que más produjeron propóleos también produjeron más miel. Los resultados muestran que es posible seleccionar abejas para aumentar la producción de propóleos y mejorar la productividad de miel.

Recebido: 16/01/2002. Modificado: 22/03/2002. Aceito: 08/04/2002

Introdução

A apicultura é uma das atividades agrícolas, que mais tem se desenvolvido no Brasil, nas últimas décadas, graças aos estudos realizados na biologia de abelhas, manejo e subsídios com vista ao melhoramento das abelhas africanizadas (Gonçalves, 1996).

A maioria dos programas de melhoramento é desenvolvido para selecionar os melhores indivíduos e usá-los como reprodutores na próxima geração a fim de incrementar a produção e diminuir os custos de manejo (Rinderer, 1986).

Kerr (1972) propôs que, para uma seleção seja eficiente, deve ser feita a partir das 24 melhores colônias (no mínimo) que o apicultor possuir, das quais 12 serão usadas para produção de rainhas e as outras 12 para produzir grande número de zangões de boa qualidade. A seleção dos machos deve ser feita a partir do desempenho de suas irmãs. Vencovsky e Kerr (1982) concluíram que usando o método de substituição das 25% piores rainhas, por filhas das 25% melhores, aumentavam sua produtividade nas próximas gerações até 20%.

A seleção massal é o primeiro método utilizado em populações que não sofreram nenhum melhoramento. Em abelhas, resulta em bons ganhos iniciais, principalmente em híbridos africanizados, graças a sua grande variabilidade genética, mas não deve ser realizado em populações pequenas.

Nos últinos anos tem sido constatado um grande incremento do número de apicultores e colméias, aproveitando da rica e variada flora apícola, permitindo ampliar suas fronteiras e diversificar seus produtos. Entre estes se destaca a própolis, produto que geralmente era jogado fora pela maioria dos apicultores num passado não tão distante.

A própolis é um complexo de substâncias resinosas, processada pelas abelhas, coletada de várias fontes de resinas vegetais (Ghisalberti, 1979) que pode ter uma gama variada de cores que vai desde pardo passando pelo verde, vermelho até o preto. Geralmente a própolis coletada na colméia é composta de 50% de resinas e bálsamo vegetal, 30% de ceras, 10% de óleos essenciais e aromáticos e 5% de outras substâncias. As resinas são misturas complexas de terpenos, flavonóides e substâncias gordurosas e sua produção está ligada ao crescimento vegetativo das plantas, que é promovido por um hormônio, a giberelina, que é um terpenóide. Indicando assim que, resinas em grandes quantidades são secretadas pelas plantas durante o crescimento de ápices vegetativos de folhas, caules ou troncos, antes da floração; razão pela qual nem sempre o grão de pólen encontrado na própolis, indica a espécie vegetal visitada para a coleta de resina (Bastos, 1998).

Poucas abelhas coletam resinas para produzir própolis, pouco menos de 3% das campeiras. Quando ocorre uma grande florada as abelhas dedicam pouco tempo e esforço na coleta de resinas, dedicando-se principalmente a coletar néctar e produzir mel. O desgaste das abelhas que produzem própolis é muito alto e elas devem ser alimentadas ou ter muito néctar à disposição, para produzir adequadamente. Segundo Santos et al. (1996), as abelhas africanizadas, apresentam um maior número de forrageamento de coletas de resinas entre 10 e 14 horas, nos horários mais quentes do dia; mencionam ainda que temperaturas abaixo de 21ºC e acima de 28ºC parecem inibir este comportamento. Para coletar a própolis, principalmente durante a época quente, as abelhas, com mais de 15 dias de vida, mordem e ajudam-se com suas patas e a transferem para as corbículas; nesta manipulação algumas vezes adicionam cera e esta operação pode durar de 15 a 60 minutos (Gojmerac, 1980).

As abelhas usam a própolis para fechar buracos, fendas e alvados para evitar o frio durante a época fria e o calor excessivo da época quente, que funciona como um agente termorregulador; também o usam para prevenir infestações no interior da colméia por bactérias e desenvolvimento de outros microorganismos; para embalsamar animais mortos e evitar putrefação; para fixar todas as peças móveis da colméia e para evitar as vibrações quando as colméias estão expostas a correntes de ar minimizando os sons intensos.

Uma das principais metas na apicultura é produzir mel. No entanto, a maioria das pesquisas sobre produção de mel foram conduzidas em áreas com rendimentos por colônia relativamente baixos (Szabo e Lefkovitch, 1989). Pesante et al. (1992) apontam que a competição de colônias selvagens pode reduzir a produção de mel de colônias manejadas e que a alimentação prévia ao fluxo de néctar pode dar vantagens no crescimento da população sobre colônias selvagens.

Os estudos de produção de mel são muito variáveis dadas as considerações ecológicas. A quantidade de mel que uma colônia pode produzir é influenciada por muitas características diferentes da colônia e pode variar de zero até 210kg/colônia/ano (Szabo e Lefkovitch, 1989). A produção de mel tem sido correlacionada significativamente com população total da colônia (Woyke, 1984) e quantidade de pólen coletado (Milne e Pries, 1984).

Os objetivos do presente trabalho foram: realizar uma seleção das melhores colônias produtoras de própolis, para iniciar um processo de melhoramento genético, que vise aumentar a produtividade de própolis, partindo de uma população silvestre não selecionada nem melhorada e verificar se há correlação entre produção de própolis e a produção de mel.

Materiais e Métodos

O experimento foi desenvolvido de abril a julho de 1999; os trabalhos foram realizados na Reserva Florestal "Pé de Gigante", município de Santa Rita de Passa Quatro, Estado de São Paulo, com uma superfície de 10000 hectares, localizada a 70km de Ribeirão Preto na via Anhanguera em direção a São Paulo. A vegetação fronteiriça predominante é de eucalipto (Eucaliptus sp.), enquanto na reserva a vegetação é típica de cerrado, com destaque para: angico (Piptadenia falcata Benth), gabiroba (Campomanesia cambedessiana Berg.), pequi (Caryocar brasiliense Camb.), jatobá (Hymenaea stilbocarpa Mart.) cipó São João (Pyrostegia venusta) e faveiro (Pterodon apparicioni Pedersoli). O clima da região é subtropical úmido, com inverno seco e chuvas fortes no verão.

Ubicadas em sete apiários com número variável de colônias, a população base foi formada inicialmente por 130 colméias de abelhas africanizadas, mas devido a perdas e roubos, foram avaliadas somente 100. Todas as colônias provinham de enxames silvestres capturados no período de agosto de 1998 a fevereiro de 1999, em caixas iscas modelo Langstroth (46x20x25cm) com um volume de 23 litros e que continham no seu interior 5 caixilhos com 1/3 de cera alveolada e atrativo químico, extraído do "capim limão" (Cymbopogus citratus), que funciona como um análogo do feromônio de agregação, encontrado nas glândulas de Nasanov das operárias. Após a sua captura os enxames eram transferidos para ninhos após completarem a construção dos cinco favos de lâminas alveoladas e expandirem a sua população. Os enxames diferiam em população e não foi feita uma homogeneização da população. Todas as colméias foram identificadas com uma chapa numerada.

Produção de própolis

Foram feitas quatro coletas de própolis no período abril-julho. Em todas as extrações eram pesadas e registradas as quantidades de própolis produzidas por cada colméia. A avaliação da produção foi feita por pesagem direta da própolis colhida em cada coletor do tipo Apis Flora, descrito por Manrique e Soares (2002) que se coloca em cima da melgueira ou sobreninho e impede que a própolis receba sol ou chuvas diretamente, o que pode diminuir sua qualidade. Embora as abelhas estoquem própolis em buracos, fendas, caixilhos e alvados, neste experimento só foi considerada a própolis produzida nos coletores, por ter menos resíduos que a contaminem, elevando seu preço e valor para gerar produtos derivados, além de não prejudicar a colônia.

A seleção da melhor colônia foi feita baseada nos registros de produção de própolis, a qual tiveram uma produtividade pelo menos 40% superior as outras colônias, durante a temporada.

Produção de mel

A produção de mel foi feita durante a florada de eucalipto (Eucaliptus sp.) de abril a julho de 1999, simultaneamente com a produção de própolis, e também foram testadas 100 colônias. A avaliação da produção de mel foi feita com uma metodología indireta, os quadros foram colhidos com um mínimo de operculação de 2/3, depois eram centrifugados e juntava-se o mel remanescente que escorrera da cera, depois de tirar as impurezas, o mel era colocado em baldes de 25kg. Para determinar o peso líquido de mel/colônia, a produção total de mel foi dividida entre o número total de quadros colhidos e foi determinado um fator de correção pelo qual se multiplicava e se obtinha o peso de cada quadro que multiplicado pelo quadros colhidos por colônia, dava o total em kg/colônia.

Análise estatística

Foram feitas as provas não paramêtricas, quando não tiveram distribuição normal e a variância entre grupos não foram homogêneas, mas sem opção de corrigir (transformar dados), uma alternativa era eliminar dados, mas não convém porque o valor zero de várias colônias é importante já que mostra a alta variabilidade. Dentre as provas, usaram-se: Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.

Resultados e Discussão

Na Tabla I são mostrados os dados de produção média de própolis por apiários onde não se apresentaram diferenças estatísticas entre os apiários, segundo a prova de Kruskal-Wallis. No entanto, observaram-se marcadas diferenças biológicas ressaltando o apiário Cynthia que teve a maior produtividade de própolis com uma média de 68,82g/colônia, mais de três vezes superior à média total, enquanto a produtividade do apiário Americano foi zero. Todavia o número de colônia por apiários poderia influir na coleta de própolis, mas este efeito não foi tão contundente, visto que a diferença média entre o apiário mais populoso (Pé de Gigante) e o Magnético, for de apenas 4g. Embora essas médias fossem estatisticamente semelhantes, quando se comparam com os dados da seleção feita por Manrique e Soares (2002), elas indicam que mais importante do que população é a própria disponibilidade de pasto apícola que pode influenciar consideravelmente, visto que a vegetação na região é pobre no fornecimento de resina em quantidade e em qualidade.

Também é importante ressaltar o fato que somente 25 colônias (25% do total) produziram própolis o que poderia dar uma idéia do baixo potencial propolisador destes enxames, ou que, poderia ser devido à pouca habilidade genética de coletar resinas ou que a própolis fora depositada em outro lugares das colméias, como descrito por Thimann e Manrique (2002) que observaram na Venezuela que as abelhas, usando o mesmo coletor Apis Flora, depositavam a própolis entre os quadros, fechando todos os espaços vazios. Por outro lado, observamos, que as colônias 156 e 99 do apiário Cynthia produziram respectivamente 571,9 e 102,4g de própolis verde e que foram as únicas colônias em coletarem tal tipo. Esta coleta preferencial de resina, transformada em própolis verde, provavelmente de alecrim do campo (pouco abundante na região) poderia indicar uma tendência genética com algum traço herdável, tal como é sugerido por Nye e Mackensen (1965) que apontaram que o comportamento coletor de pólen de alfafa por parte de algumas abelhas é herdável. Resultados similares foram reportados por Mackensen e Tucker (1973) quanto a diferenças na coleta de pólen entre duas linhagens de abelhas selecionadas para coletar pólen de alfafa.

Produção de mel

Na Tabla II é apresentada a produção de mel por apiário no Pé de Gigante, onde foram encontradas diferenças significativas (P=0,015), segundo a prova de Kruskal-Wallis, entre os apiários Yolanda, Ximena e Cynthia, quando comparados com os apiários Magnético, Pé de Gigante, Do Meio e Americano.

A produção média não esteve influenciada nem pela localização dos apiários distantes entre si a menos de 400 metros nem pelo número de colônias por apiários, já que apiários com o mesmo número de colônias tiveram produtividade dispares, sendo a máxima em Yolanda (31,67kg/colônia) e a mínima no Americano (0kg/colônia), com uma variação alta no apiário Yolanda de 0-48kg/colônia, mostrando a existência de variabilidade das abelhas africanizadas na produção de mel, dado o elevado nível de hibridização destas abelhas. Esta variabilidade na produção de mel foi constatada por Duay (1996) no Brasil, tanto em abelhas africanizadas selecionadas quanto não selecionadas, com variabilidade de 0-153kg para as selecionadas e 0-90,5kg para as não selecionadas.

A diferença na produção de mel entre os diferentes apiários poderia ser explicada principalmente por características genéticas das abelhas, população e pela idade da rainha, visto que todas elas receberam o mesmo tipo de manejo, após serem capturadas como enxames. Nesse sentido, Root (1984) menciona que a idade da rainha tem uma relação inversa com o número de abelhas da colônia e sua produtividade, dado que rainhas velhas ovopositam menos e mais espalhado, diminuindo a população. Por outro lado, as abelhas que têm boa disposição para produzir mel têm menos tendência a enxamear, trocando periodicamente a sua rainha velha por substituição natural (Ruttner, 1988). Outro fator que pôde ter influenciado foi a época de captura dos enxames, já que os primeiros a serem capturados poderiam crescer e se desenvolver mais rápido, razão pela qual produziram uma maior quantidade de mel. Embora, Spivak et al. (1989) relatem que não encontraram correlação entre o peso inicial da colônia ou a área de cria com a quantidade total de mel, em colméias com graus variados de africanização na Costa Rica.

A Tabla III mostra a produção média de mel das colônias que produziram própolis e mel e aquelas que produziram somente mel. Nesta avaliação observou-se que as colônias propolisadoras tiveram um desempenho altamente significativo (P<0,001), segundo o teste de Mann-Whitney, na produção de mel, comparado com as que produziram só mel, com uma produtividade 2,04 vezes maior, estes resultados diferem dos Funari et al. (1998) que mostraram que, apesar de não apresentarem diferenças significativas, as colônias mais produtoras de mel produziram menos própolis.

Por outro lado, a análise de Correlação de Pearson, mostrou que a produção de própolis e de mel tem um coeficiente de correlação positivo, com um valor de r =0,4215 e P=0,00001256. Esta tendência faz sentido, porque a produção de mel está correlacionada com a atividade de forrageamento (Sugden e Furgala, 1982) e a coleta da própolis é mais uma atividade de forrageamento embora não seja para produzir alimento, mas para se proteger.

Conclusões

Os resultados obtidos mostram que nem todas as abelhas coletam própolis, menos do 50% das colônias, o qual poderia sugerir diferenças genéticas embora todas as colônias fossem de híbridos africanizados.

Houve correlação entre a produção de própolis e a produção de mel, com valor de r=0,422. Observou-se que as colônias produtoras de própolis produziram maior quantidade de mel do que aquelas que não coletaram própolis.

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