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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.28 n.11 Caracas nov. 2003

 

O FUTURO: DISSEMINAÇÃO ELECTRÔNICA DA CIÊNCIA

As publicações científicas periódicas tradicionais, impressas em papel, se enfrentam por múltiplas razões a um gradual, ainda que lento, processo de desaparição. Entre os fatores que levam a isto estão os custos crescentes do papel e da distribuição postal, a lentidão dos processos de impressão e distribuição, e a dificuldade do acesso a documentos em papel e seu arquivo. Tudo isso contrasta poderosamente com a velocidade, economia e eficiência dos meios eletrônicos que, além disso, fazem possível o sonho do livre acesso de todos, em todas partes, o conhecimento.

A progressiva incorporação dos meios eletrônicos na disseminação da investigação científica tem ido penetrando os âmbitos acadêmicos de Latino América e o Caribe, ainda que a um ritmo muito mais lento que nos países do primeiro mundo, onde se tem adiantado importantes experiências neste sentido.

Os investigadores, tanto no seu papel de autores que buscam a melhor localização possível de seus trabalhos como no papel de leitores, tem sido menos reativos à situação existente que os responsáveis de bibliotecas. Tem-se estruturado diversas formas de publicação eletrônica e arquivo como o Arquivo de Borradores de Los Álamos, hoje em Cornell, o SPIRES em Stanford, ou o PubMed Central no NIH. Outras iniciativas como a Public Library of Science (PLoS) e a Budapest Open Access Initiative (BOAI) buscam fomentar e incentivar a publicação por meios eletrônicos com livre acesso.

A raiz da crise que se vem produzindo desde faz mais de uma década nas bibliotecas das instituições de educação superior e investigação como resultado dos preços, inelásticos e sempre crescentes, das publicações periódicas, aquelas têm formado consórcios editoriais como SPARC e HighWire Press para a publicação, aquisição e distribuição de revistas, que permitam estabelecer um fluxo adequado dos documentos requeridos sem a interferência das empresas editoriais comerciais.

As editoriais comerciais, por sua parte, têm assumido a meta de trabalhar com os meios eletrônicos e oferecem serviços de grande utilidade e importante valor agregado em forma de pacotes de publicações e buscadores. Não obstante, no fundo seguem sendo empresas de negócios orientadas a obter a maior ganância possível com o que deve ser propriedade de seus geradores ou das instituições que auspiciam e financiam as investigações, e não das casas editoriais.

Nos países em desenvolvimento de nossa região são poucas as revistas científicas de alta qualidade que se produzem e contadíssimas aquelas pelas que casas editoriais internacionais se interessam, dada a insignificante ganância, se a tem, que produzem ao comercializar-las. Faz um par de décadas uma grande editorial do momento assumiu os custos de produção e distribuição de Interciência, ainda nos tempos em que era toda de papel, com a finalidade de usa-la como palanca para penetrar o mercado latino americano, mas a aventura durou apenas um par de anos. Não era negocio.

Na medida em que as revistas científicas publicadas na região são revistas institucionais, como é o caso de quase todas elas, pertencentes a instituições ou sociedades profissionais que cobrem os gastos de seus escritórios editoriais, o passo à publicação eletrônica exclusivamente leva uma importante redução dos custos de impressão e distribuição, que são adicionais a àqueles da produção editorial, que se mantêm.

Para Interciência, no entanto, a situação é particularmente complexa. Ao não contar com uma instituição que respalde financeiramente à revista, sua subsistência depende dos ingressos próprios e de subvenções. Os ingressos próprios são na sua maior parte, provenientes de subscrições, que desapareceriam ao ser uma revista de livre acesso na Internet, e de cargos por página, para os que ainda não se têm uns mecanismos eficientes. As subvenções, que provêm do Programa de Publicações Científicas do FONACIT de Venezuela e cobrem parte da metade dos gastos totais da revista, não contemplam outros gastos que os de edição e distribuição da versão impressa e da montagem do material na Scientific Electronic Library on Line (SciELO).

A busca de bases econômicas estáveis para a produção editorial, tanto da versão tradicional impressa ou da eletrônica, continua sendo uma necessidade primaria.

Miguel Laufer

Diretor Interciência