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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.30 n.9 Caracas sep. 2005

 

O TREM DA INOVAÇÃO

 

Ha pouco tempo apareceu na imprensa uma informação referente ao fato de que o governo espanhol havía lanzado um ambicioso plano de desenvolvimento em Ciência, Tecnologia e Inovação, designando um gasto total para os próximos anos de mais de 3 bilhões de dólares dos EEUU (2,8 bilhões de euros). Consideramos importante esta notícia por diversas razões. Por um lado, pela razão óbvia dos vínculos históricos, culturais e econômicos de Latinoamérica com este país e, por outra parte, porque mostra que os governantes espanhóis têm decidido atuar diante da realidade de que o grande desenvolvimento que tem tido Espanha nas últimas décadas se fará insustentável se não está acompanhado por um igualmente pujante desenvolvimento em Ciência, Tecnologia e Inovação.

Sabe-se que Espanha está atrás do resto dos países importantes da Uniao Européia quanto a investimentos em Ciência e Tecnologia. Isto se traduz, além de um comparativamente limitado desenvolvimento nestas áreas, em uma substancial emigração dos investigadores mais brilhantes, principalmente por não dispor das facilidades necessárias para realizar adequadamente e de maneira constante suas tarefas de investigação. As queixas que se escutam nos círculos científicos espanhóis a esse respeito sao grandes.

Boa parte da recente pujança econômica da Espanha veio da disponibilidade de uma mão de obra relativamente barata que, com a utilização de tecnologias na sua maior parte já existentes, permitiu uma produção industrial importante e competitiva. Durante essa fase de progresso econômico, tanto governo como industriais descuidaram um tanto o futuro. Um futuro que inexoravelmente requererá de uma maior capacidade competitiva frente a um encarecimento da mão de obra e à crescente utilização da tecnologia nos seus múltiplos aspectos. É já uma redundância repetir que se um país não anda no trem da inovação será difícil que possa avançar muito. Para qualquer país. E, como é bem sabido, ainda que as vezes de a impressão de que não fosse bem compreendido, inovação significa desenvolvimento científico e tecnológico. Parecera que os governantes espanhóis entenderam isto e decidiram atuar em conseqüência.

Em nossa região, recentemente Argentina deu un passo semelhante, tal como foi apontado nesta revista algum tempo atrás (Interciência 29(4): 173, 2004). As máximas autoridades argentinas reconheceram públicamente a importância capital de reforçar substancialmente a atividade em Ciência e Tecnologia, e implementaram planos e investimentos dentro de suas possibilidades. Isto se traduz, segundo o informado, em que passados poucos meses, houve uma reinserção de mais de 100 profissionais de alto nível atraídos principalmente pela criação de condições de trabalho apropriadas e por garantias de continuidade, ainda que este último não sempre pareça confiável em nossos países.

Independentemente das quantías dos investimentos que se realizem no setor de Ciência, Tecnologia e Inovação, está claro que somente mediante passos decisivos e de amplo alcance em todo sentido será possível enfrentar um futuro cada vez mais exigente na capacidade de resolver os crescentes problemas que sugere o desenvolvimento e, por conseguinte, mais exigente também na geração dos conhecimentos necessários. E para isto é fundamental contar com o recurso humano apropriado que constitui o capital mais valioso com que conta um país, a pesar de que as vezes, incrivelmente, tal coisa parecera não ser bem compreendida,. É de desejar que outros países de nossa região, especialmente aqueles que dispõem de recursos financeiros suficientes, se decidam a levar a efeito ações alentadoras como as mencionadas. Os efeitos se notariam rápidamente.

Manuel Bemporad, Universidade Central da Venezuela