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versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.31 n.5 Caracas mayo 2006

 

PESCADORES, PEIXES, ESPAÇO E TEMPO: UMA ABORDAGEM ETNOECOLÓGICA

José da Silva Mourão e Nivaldo Nordi

José da Silva Mourão. Mestre em Ciências Biológicas, Universidade Federal da Paraíba-UFPB, Brasil. Doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos-UFSCar, Brasil. Professor, UEPB, Brasil. Endereço: Campus Universitário do Bodocongó-Campina Grande-Paraíba-Brasil-CEP 58.000,00. e-mail: tramataia@uol.com.br

Nivaldo Nordi. Licenciado em Ciências Biológicas e Doutor em Ecologia e Recursos Naturais, UFSCar, Brasil. Professor, UFSCar. Endereço: Rodovia Washington Luís Km 235- São Carlos-SP, Brasil. CEP 13565-905. e-mail: Nivaldo@power.ufscar.br

Resumo

Este trabalho foi desenvolvido junto a duas comunidades de pescadores artesanais: Barra de Mamanguape e Tramataia, localizadas nas margens do Estuário do rio Mamanguape, estado da Paraíba, nordeste do Brasil, com o objetivo de estudar o conhecimento e a percepção dos pescadores artesanais, no que se refere à classificação dos hábitats estuarinos, onde os peixes são encontrados e em que tipos de hábitats, e à avaliação de sua distribuição espaço-temporal. Os principais instrumentos da metodologia empregada foram entrevistas livres, entrevistas semi-estruturadas, observação direta e turnês guiadas por pescadores locais. Os resultados obtidos evidenciaram que os pescadores percebem a distribuição espacial vertical (na coluna de água) e a horizontal dos peixes (penetração ao longo do estuário e locais de reprodução). Respeito à distribuição temporal, os pescadores reconhecem os períodos climáticos seco e chuvoso, relacionados respectivamente às estações de verão e inverno, Quanto ao hábitat, os pescadores estudados categorizam os hábitats em "rego", "lama", "pedra", "areia", "tronco caído", "loca", "barroca" e "buraco". Os resultados obtidos fornecem informações sobre o estado atual da cultura pesqueira das comunidades pesquisadas e sugerem sua importância de mantê-lo preservada. Os dados também mostram que o conhecimento dos pescadores pode ser útil nos estudos de conservação e preservação do Estuário do rio Mamanguape.

FISHERMEN, FISHES, SPACE, AND TIME: AN ETHNOECOLOGICAL APPROACH

Summary

This work was carried out in two communities of artisan fishermen, Barra de Mamanguape and Tramataia, both located on the margins of the Mamanguape River estuary, in the state of Paraíba, Northeast Brazil. The aim was to study the artisan fishermen’s knowledge and perception concerning the classification of estuarine habitats, the sites where fishes are found and the habitats at which they thrive, and the evaluation of their spatial-temporal distribution. The main instruments of the methodology employed were free interviews, semi-structured interviews, direct observation, and conducted tours by local fishermen. The results made evident that the fishermen have a clear perception of fishes’ vertical space (in the water column) and horizontal space (penetration and reproduction sites along the estuary) distribution. With respect to fishes’ temporal distribution the fishermen recognize the dry and rainy climatic periods, which correspond to summer and winter seasons. Dealing with fishes’ habitats the fishermen categorize them as ‘rego’ (ditch), ‘lama’ (mud), ‘pedra’ (stone), ‘areia’ (sand), ‘tronco caído’ (fallen tree trunk), ‘loca’ (hiding place), ‘barroca’ (a sort of gutter made by running water), and ‘buraco’ (hollow). The results provide information on local fishermen’s current fishing culture and point out the need to preserve such knowledge. The data also show that fishermen’s knowledge may be useful to studies on conservation and preservation of the Mamanguape River estuary.

PESCADORES, PECES, ESPACIO Y TIEMPO: UN ABORDAJE ETNOECOLÓGICO

Resumen

Este trabalho foi desenvolvido junto a duas comunidades de pescadores artesanais: Barra de Mamanguape e Tramataia, localizadas nas margens do Estuário do rio Mamanguape (ERM), estado da Paraíba, no nordeste do Brasil, com o objetivo de estudar o conhecimento e a percepção dos pescadores artesanais, no que se refere à classificação dos hábitats estuarinos, onde os peixes são encontrados e em que tipos de hábitats, e à avaliação de sua distribuição espaço-temporal. Os principais instrumentos da metodologia empregada na obtenção do conhecimento etnoictiológico foram: entrevistas livres, entrevistas semi-estruturadas, observação direta e turnês guiadas por pescadores locais. Os resultados obtidos evidenciaram que os pescadores percebem a distribuição espacial vertical (na coluna de água) e a horizontal dos peixes (penetração ao longo do estuário e locais de reprodução). No que diz respeito à distribuição temporal, os pescadores reconhecem os períodos climáticos seco e chuvoso, que estão relacionados respectivamente às estações de verão e inverno, Quanto ao hábitat, os pescadores estudados categorizam os hábitats em "rego", "lama", "pedra", "areia", "tronco caído", "loca", "barroca" e "buraco". Os resultados obtidos neste estudo, fornecem informações importantes sobre o estado atual da cultura pesqueira das comunidades pesquisadas e sugerem sua importância de mantê-lo preservada. Os dados também mostram que o conhecimento dos pescadores pode ser útil nos estudos de conservação e preservação do estuário do rio Mamanguape.

Palavras chave / Ecologia Humana / Etnoictiologia / Hábitats / Peixes Marinhos / Pescadores Artesanais /

Recebido: 16/02/2005. Modificado: 01/03/2006. Aceitado: 03/03/2006.

Introdução

O termo "etnoecologia" foi introduzido pela primeira vez por Harold Conklin em 1954, em seu estudo clássico sobre os Hanunoo, nas Filipinas (Toledo, 1992). Apesar de não existir um consenso sobre o significado deste termo, de acordo com Marques (1999), etnoecologia é o campo de pesquisa científica transdisciplinar que estuda os pensamentos (conhecimentos e crenças), sentimentos e comportamentos que intermediam as interações entre as populações humanas que os possuem e os demais elementos dos ecossistemas que as incluem, bem como os impactos ambientais daí decorrentes. Os estudos que se referem aos saberes tradicionais ou ao conhecimento ecológico tradicional, preocupam-se, de um modo geral, com a maneira como os povos tradicionais usam e se apropriam dos recursos naturais, seja através do manejo, das crenças, conhecimentos, percepções, comportamentos, e também, das várias formas de classificar, nomear e identificar as plantas e animais do seu ambiente (Berlin, 1992; Marques, 1995; Begossi, 1996a, b; Paz e Begossi, 1996; Berkes, 1999; Nazarea, 1999).

Os últimos anos, informações etnoecológicas têm representado importante ferramenta para estudos conservacionistas, auxiliando no conhecimento da flora, fauna, e ecologia dos ambientes, indicando vários elementos úteis para o desenvolvimento de uma região (Fernandes-Pinto e Marques, 2004). Ainda segundo esses autores, tais informações também têm contribuído para que a biodiversidade seja devidamente valorizada, não só do ponto de vista ecológico, mas também no âmbito econômico e cultural, subsidiando a adoção de planos de manejo e conservação das espécies embasados em uma realidade social. Segundo Johannes (1998) as informações biológicas necessárias para o manejo da pesca artesanal tropical são muitas vezes insuficientes, e o conhecimento ecológico local possuído pelos pescadores artesanais pode ser de grande utilidade, especialmente em países em desenvolvimento, onde as informações são escassas ou mesmo inexistentes. O presente trabalho, tomando como base abordagens etnoecológicas, teve por objetivo geral estudar classificação dos hábitats e a distribuição espaço-temporal dos peixes, desvendando os modelos cognitivos que orientam a prática da pesca artesanal no estuário do Rio Mamanguape, litoral Nordeste do Brasil.

Área de Estudo

Comunidade de pescadores

O Estuário do Rio Mamanguape (ERM; Figura 1) está localizado entre as coordenadas geográficas 6º43'02'' a 6º51'54''S e 35º07'46'' a 34º54'04''O), compondo uma área de 10080ha que integra a Área de Proteção Ambiental (APA) de Barra de Mamanguape. A APA foi criada com o objetivo de proteger os ecossistemas costeiros e os peixes-boi marinhos, mamíferos da espécie Trichechus manatus (Sirenia, Trichechidae). Pertencem a APA os municípios de Rio Tinto, Marcação, Lucena e Baía da Traição, que, somados, totalizam 32 vilas e povoados e vários ecossistemas, tais como manguezais, arrecifes costeiros, mata atlântica, mata de restinga, dunas e falésias (Nishida, 2000).

As comunidades de pescadores estudadas foram as de Barra de Mamanguape e Tramataia, localizadas no interior da Área de Proteção Ambiental (APA), às margens do ERM. São povoados constituídos basicamente por uma mistura raciais de indígenas, negros e europeus, que desenvolvem atividades pesqueiras na área de entorno da APA e no próprio rio Mamanguape.

Apesar de a região ser rica em recursos naturais, a população é muito pobre e há deficiência em termos de assistência médica, educacional e de infra-estrutura de saneamento básico. Isto contribui para que estas populações ignorem seus direitos e deveres como cidadãos e como habitantes de uma APA.

Muitos dos ribeirinhos estudados são pescadores tradicionais, que, durante praticamente toda a sua vida, tiveram a pesca como atividade principal de subsistência. Decodificar o conhecimento e práticas locais relativos à pesca artesanal, oriunda da lida diária com o peixe e o ecossistema estuarino, é essencial para auxiliar eventuais reorientações nas interações entre o pescador e o seu ambiente de pesca.

Metodologia

Procedimentos

O trabalho de campo foi realizado no período compreendido entre março 1997 a março 1998, com idas semanais ao campo. Os dados foram inicialmente obtidos por meio de entrevistas abertas (Mello, 1989) com 100 pescadores artesanais, com a finalidade de traçar o contexto pesqueiro a ser estudado. As entrevistas abertas permitem ao entrevistado discorrer livremente sobre o assunto tratado, tais entrevistas continham um roteiro padronizado de perguntas abertas e mais gerais, enfocando aspectos da cultura pesqueira artesanal local. A partir das informações obtidas, novas entrevistas foram elaboradas, visando à obtenção de informações sobre a ecologia e o comportamento dos peixes, e acerca da dinâmica do sistema estuarino. Elas foram aplicadas aos 20 pescadores mais experientes, e selecionados entre os anteriormente entrevistados, utilizando-se como critério de seleção o tempo de pesca e a própria indicação dos pescadores envolvidos no estudo, técnica denominada de "bola de neve". Os dados foram analisados segundo o modelo de união das diversas competências individuais (Marques, 1991) priorizando-se as informações referentes à distribuição espacial e temporal e aos habitats preferenciais dos peixes, buscando, sempre que possível, justapor o modelo percebido (conhecimento etnoecológico) ao modelo operacional (conhecimento científico), conforme utilizado por Marques, (1995).

As entrevistas foram registradas eletromagneticamente resultando em aproximadamente 30 horas de gravação. As fitas estão depositadas no Núcleo de Etnoecologia e Educação Ambiental da Universidade Estadual da Paraíba.

Foram coletados 200 espécimes de peixes, constituindo-se esta coleção apenas em uma representação parcial da diversidade ictiofaunística da região. Os peixes foram fixados em solução de formol 10%, e depois transferidos para solução de álcool etílico 70%. Todos os exemplares coletados foram depositados no Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal da Paraíba. A lista taxonômica das espécies de peixes foi identificada e organizada por Ricardo S. Rosa e colaboradores, Laboratório de Ictiologia, Departamento de Sistemática e Ecologia, Universidade Federal da Paraíba, apoiadas por Figueiredo (1977, 1978, 1980), Menezes e Figueiredo (1980, 1985), Menezes (1983), e Bohlk e Chaplin (1993).

Resultados e Discussão

Distribuição espacial e temporal da ictiofauna

O conhecimento que os pescadores possuem das dimensões espaciais e temporais do estuário do rio Mamanguape (ERM) facilita a compreensão, de forma detalhada, a respeito do fluxo migratório, dos hábitats, ciclos reprodutivos e das áreas de alimentação dos peixes, permitindo-lhes localizar os recursos ictiofaunísticos e definir as técnicas para capturá-los. Os pescadores reconhecem dois períodos climáticos, seco e chuvoso, que estão relacionados ao verão e inverno. Para os pescadores a estação seca ou verão tem seu início quando a água começa a limpar, ou seja, no período que vai de setembro a fevereiro; o inverno tem seu início em março e estende-se até agosto. Estes mesmo períodos fora também mencionados pelos, pescadores de Siribinha (BA), segundo os quais o verão começa em meados de agosto e prolonga-se até a Semana Santa, entre a segunda quinzena de março e a primeira de abril; e o inverno, inicia-se em seguida e termina em meados do mês de agosto (Costa-Neto, 1998).

A classificação em dois grandes períodos climáticos combina com a compreensão dos pescadores sobre as variações expressivas na salinidade do ambiente estuarino, ocasionando mudanças na distribuição espacial dos peixes e provocando a sucessão temporal de espécies. Isto pode ser constatado em alguns trechos de depoimentos obtidos: a curimã (Mugil liza) "ela só sai na época da água bem doce, no inverno mesmo. Quando desce muita cheia, cheia que fica da cor de barro, que você vê de longe aquele vermelhão que parece uma estrada de barro, então você a vê dando pulos. Ela fica aqui mesmo na região pegando água salgada"; "se a água limpar vai dar tainha (Mugil curema), espada (Trichiurus lepturus), xaréu (Caranx latus) mas se a água sujar saem tudo para o mar". Os pescadores estudados por Costa-Neto (1998), relatam que na época de "temporal" "os peixes "arribam/rolam" (sobem o rio). "Água misturada" e "água choca" também são nomeações dos pescadores estudados que expressam, respectivamente, os períodos de inverno (chuva) e verão (seco): "água misturada é quando desce a primeira água doce que chama de cheia, aí ela fica uma água baldeada ou misturada"; "água choca é quando a água está limpa e bate uma cheia, acaba com a água limpa e fica só com a água preta, aí é choca". Fenômeno semelhante foi encontrado por Furtado (1987), junto aos pescadores paranaenses onde há uma "água temperada que situa-se entre a água doce e a água salgada".

A distribuição temporal dos peixes no ERM, segundo a compreensão dos pescadores, que utilizaram três categorias; "peixes de verão": arraia pintada (Myliobates narinari), arraia três ventas (Rhynoptera bonasus), pampo (Trachinotus), pescada chatinha (Isospisthus parvipinnis) pescada de dente (Cynoscion microlepidotus), pescada focinhuda (Cynoscion viriscens) e tainha (M. curema); "peixes de inverno": cabeçudo (Stellifer sp.), camurim (Centropomidae) pescada amarela (Cynoscion ocoupa), pirucaia (Bardiellla ronchus), sardinha fofi (Sardinella brasiliensis) e sardinha rabo de fogo (Centegraulis edentulus); e "peixes que dão o ano todo": arraia de croa (Dasyatis guttata) e sardinha branca (Anchoa spp.). Esta distribuição temporal dos peixes obtida junto aos pescadores de Mamanguape corresponde à proposta por Alcântara, (1989) para o estuário do rio Aracaju (SE). Este autor classificou as espécies aqui citadas como "peixes de inverno" e "peixes de verão" em "temporárias", e "peixes que dão o ano todo" em "permanentes". A literatura etnoictiológica registra modelos classificatórios da distribuição temporal dos peixes muito semelhantes aos obtidos neste estudo (Marques, 1991; Silvano, 1997; Costa-Neto, 1998).

Os pescadores também identificaram a reprodução de muitos peixes através de sua associação com os dois extremos climáticos. Por exemplo, bagre (Ariidae), camurupim (Megalopidae), camurim (Centropomidae) e arraia de croa (Dasyatidae), se reproduzem no inverno; tainha (Mugilidae) e sardinha (Clupeidae e Engraulidae) se reproduzem no verão. Segundo eles, geralmente os hábitats escolhidos pelos peixes que se reproduzem no estuário são as cabeceiras das "camboas", braços de rios que cortam o mangue.

O conhecimento detalhado a respeito da distribuição espacial dos peixes é decisivo para a escolha das estratégias de pesca e para a obtenção de uma boa produtividade pelos pescadores no ERM. Esta influência do conhecimento na pesca é mencionada também por outros autores (Chapman, 1987; Petrere, 1990; Marques, 1991; Setz, 1991; Begossi, 1996a; Thé, 1999: Fernandes Pinto e Marques, 2004).

A distribuição espacial dos peixes pode ser expressa pelos pescadores, portanto, segundo as grandes divisões hidrográficas, ou zonas ecológicas, como por exemplo "peixes de alto mar": arabaiana (Scombridae), albacora, atum bonito e cavala (Scomberomorus), que raramente ou quase nunca entram no estuário. O ecossistema marinho é subdivido em "alto mar e costa", percebidos como ambientes diferentes do estuário, principalmente devido às diferenças notadas no gradiente de salinidade, profundidade e turbidez da água. Os peixes classificados pelos pescadores, de "peixes de alto mar e peixes de costa", correspondem a pelágicos oceânicos e a pelágicos litorâneos. Os de "alto mar", segundo os pescadores, trocam de hábitat ou freqüentam outros habitats, com a finalidade de reprodução. Essa troca de habitat é reconhecida também por pesquisadores como, por exemplo, Moyle e Cech (2000), que denominaram tais peixes de visitantes da maré. Segundo Odum (1988), muitos peixes comerciais e esportivos que são pescados em alto-mar, passam a parte inicial de sua vida em estuários, onde o alimento é abundante e a proteção contra predadores aumenta a sobrevivência e o crescimento rápido nos estádios juvenis. O genérico mero (Ephinephelus itajara) é um peixe de "alto mar" que entra no rio/estuário na "maré de lua cheia ou lua nova", as maiores marés, que correspondem às marés de sizígia na classificação científica. Biquara (Haemulon parra), cambuba (Haemulon plumieri), olho verde (Serranus flaviventris), xaréu (C. latus) e pampo cabeça mole (Trachinotus carolinus) são peixes encontrados em "alto mar", conforme conhecimento dos pescadores, sendo que esta distribuição é confirmada por trabalhos da literatura (Cervigón, 1966; Randall, 1967; Figueiredo, 1977; Figueiredo 1980; Menezes y Figueiredo, 1985; Barletta y Corrêa, 1992).

Os "peixes de costa" bagre ariaçu (Arius herzbergii) paru, (Chaetodipterus faber) mero,(E. itajara) pampo,(T. carolinus e T. goodei) pirambu (Haemulon steindachneri) , tainha (M. curema), tamatarana (Mugil gaimardianus)); "os peixes de costa", entram no estuário nos meses de verão, inverno ou o ano todo, dependendo da espécie. Peixes como camurupim (Megalops atlanticus) e camurim branco (Centropomus ensiferus), considerados como "peixes de costa", geralmente adentram até o limite do estuário.

As "croas", reconhecidas pelos pescadores, são bancos de areia e lama que afloram na baixa-mar, que correspondem aos depósitos aluvionais na tipologia científica (Carvalho, 1982), onde peixes, moluscos e crustáceos habitam esses lugares ou simplesmente visitam-nos, principalmente à procura de alimento, como é o caso do "camurim (Centropomidae) que gosta de ir para as croas para cortar tainha, tamatarana (Mugilidae), sardinha (Clupeidae) e carapeba (D. olisthostomus)". Nesse sentido, surge entre os pescadores, a categoria "peixes de croa", constituída por um grupo que incluí a maioria dos peixes estuarinos como, por exemplo, a tainha, pampo soía tapa, tamatarana, camurupim, camurim, carapeba e arraia de croa, cujo nome é uma alusão ao etnohabitat, uma vez que ela alimenta-se de marisco (Anomalocardia brasiliana), deixando depressões no substrato denominadas de "barrocas". Outros peixes, como a tainha, tamatarana (Mugilidae) procuram as croas para alimentar-se de detritos, denominados de "lama e lodinho" pelos pescadores.

As "camboas" correspondem aos tributários que desembocam no rio principal, (Mamanguape) ou podem também ser definidas como canais naturais ("rego"), formados, geralmente, nas grandes marés ou com as enchentes pluviais. O "mangue" é percebido como uma área alágavel, sob influência da água salgada. Os etnohabitats denominados de "mangue e camboa" podem ser interpretados como as "ecozonas expandidas" propostos por Posey, (1987), que são áreas ecológicas de obtenção de recursos, reconhecidas em outros sistemas culturais, que podem ou não coincidir com as tipologias científicas. O "mangue" e as "camboas" compreendem um conjunto ictiofaunístico categorizado de "peixe de camboa e peixe de mangue" As principais espécies de "peixe de camboa" são: amoré (Bathygobius soporator), curimã, (M. liza), muriongo (Ophichthus ophis), pema,(M. atlanticus e sauna (M. curema),) e "peixes de mangue" mututuca (Gymnothorax ocellatus) taicica, (Gobionellus boleosoma) é o bagre cambueiro (G. genidens), cuja nomeação é uma alusão ao local em que o peixe é encontrado com abundância e freqüência. Segundo Figueiredo y Menezes (1978), esta espécie é uma das mais comuns do litoral brasileiro, aparecendo em grande número nos estuários e lagoas estuarinas. O representante típico da categoria "peixe de mangue" é o amoré preto do mangue (Eleotris pisonis), que corresponde a um tipo de "peixe efetivo do mangue" (Marques, 1991); Os "peixes de camboa" alcançam até as cabeceiras das "camboas" para se reproduzirem, como é o caso do bagre cambueiro (G. genidens). Classificações espaciais similares, com pequenas variações, foram observadas em outras comunidades de pescadores estuarinos (Marques, 1991; Costa- Neto, 1998). Thé, (1999), estudando os pescadores da represa de Três Marias (MG), relata a nomeação de sete categorias de peixes citadas pelos pescadores e relacionadas aos etnohabitats: Usualmente, o pescador associa o peixe ao seu habitat preferencial, não significando que a sua ocorrência seja exclusiva àquele habitat. . Aqueles pertencentes à categoria "peixes de rio", como a carapeba (D. olisthostomus), muriongo (O. ophis) e a taicica( G. boleosoma), geralmente não migram para a costa.

Os peixes são também categorizados pelos pescadores conforme sua posição na coluna d'água. Nesse sentido, eles ocupariam cinco níveis verticais, cujas denominações são "peixes da flor d’água": agulha branca (Hemiramphus brasiliensis, Hyporhamphus unifasciatus), agulhão lambaio (Strongylura timuca), manjuba (Engraulidae) e peixe voador (Dactylopterus volitans); "peixes de meia-água pra cima": curimã (M. liza), sardinha (Clupeidae), tainha (M. curema), tamatarana (M. gaiamardianus); "peixes de meia-água pra baixo": arraia de croa (D. guttata), arraia pintada (M. narinari), camurim (Centropomus undecimalis), sanhaua (Anisostremus surinamensis); "peixes de fundo: bagre (Ariidae), cabeçudo (Stellifer rastrifer), carapeba (D. olisthostomus), mero (E. itajara); e "peixes que se enterra": aniquim (Thalassophyrne puncitata), soia (Cyharichthys spilopterus). Poucas espécies são restritas a um determinado pavimento. Algumas podem se deslocar da superfície até o fundo, como é o caso da tainha (M. curema), que é um peixe de "meia-água", mas tanto pode alimentar-se na superfície ("flor d’água") quanto no fundo ("a tainha de dia ela come lama e de noite ela bebe somente a nata dá água").

De acordo com Odum, (1970), certas espécies do gênero Mugil alimentam-se de fitoplâncton na superfície da água e tem hábitos iliófagos comendo o sedimento de fundo. O camurim (Centropomidae), considerado um peixe de "meia-água pra baixo", movimenta-se até a superfície para capturar peixes ("o camurim é um peixe de fundo, mas ele vai na superfície para pegar o que vem em cima também, acho que em cima ela pega melhor o peixe do que em baixo").

Os peixes que vivem na "flor d’água" e os "peixes de fundo" também são denominados de "peixes que bóiam" e "peixes que vivem aprofundados". Variações destas nomeações foram encontradas por Costa-Neto (1998), tais como "peixes que andam aboiados", "peixes que não andam aboiados" e "peixes que andam aprofundados." Distribuições verticais dos peixes similares à percebida pelos pescadores do ERM foram obtidas em vários trabalhos etnoictiológicos (Akimichi, 1978; Parker et al., 1983; Posey, 1984; Marques, 1991; Costa-Neto, 1998; Thé, 1999; Fernandes-Pinto y Marques, 2004). As diferenças apresentadas neste estudo, circunscreveram-se à regionalização das categorizações e ao nível de detalhamento dos habitats verticais.

Classificações dos Tipos de Hábitats.

"O que vive nas pedras é o mero. Mas quase todo peixe vive nas pedra. E as pedra e a moradia deles, é que nem nós, aqui onde eu moro, onde me escondo, onde durmo, onde é meu lar, justamente é o peixe, é onde ele faiz a moradia dele é nas pedra. O chefe das pedras é o mero, porque ali ele nasce e ali ele se cria". (pescador de Tramataia).

A literatura etnoictiológica tem mostrado que os pescadores de ambientes marinhos, estuarinos, rios, açudes, represas, lagoas e lagos, utilizam vários sistemas classificatórios para classificar os peixes, (Maranhão, 1975; Marques 1991; Paz y Begossi, 1996; Silvano, 1997; Costa-Neto, 1998; Thé, 1999). Sendo que, neste estudo, uma das principais características é a de agrupar os peixes de acordo com seu habitat. Entre os pescadores estudados, o universo da pesca pode ser categorizado em vários tipos de hábitats (lama, pedra, areia, tronco caído, loca, barroca e buraco).

O substrato do ERM pode formar microhabitats contendo pedra, lama e areia. Associada a eles, os pescadores identificam uma ictiofauna específica denominada de "peixes de pedra, peixes de lama, e peixes de areia" (Tabela I). A maioria dos "peixes de pedra" é composta por espécies marinhas; as "pedras" correspondem aos fundos rochosos que funcionam como abrigo, lugar para forrageio e reprodução. As "pedras" também inspiram a nomeação dos peixes, como é o caso do coró das pedras e do amoré das pedras. Neste sentido, Marques (1991) observou que o nome para o Acari (Hypostomus sp.) que é "chupa-pedra", é uma referência à relação do comportamento alimentar com o habitat. Os pescadores denominam de "família dos peixes de pedra" ao conjunto de peixes que vivem neste microhabitat. Akimichi (1978) observou que os pescadores de Lau categorizam os peixes em "peixes que dormem sob rochas e reentrâncias coralinas", "peixes que desovam em hábitats rochosos" e "peixes que vivem em rochas e corais". Maranhão (1975) cita que os pescadores de Icaraí (CE) agrupam seus peixes em relação ao substrato em "peixes que moram em riba das pedra lisa" e "peixes que moram em cabeço de pedra". O conhecimento que os pescadores possuem acerca do conjunto ictiofaunístico "peixes de lama" (Tabela I), é tão minucioso que, provavelmente, chega a ser mais detalhado que o descrito pela literatura científica. Com base neste conhecimento, a categoria "peixes de lama" foi classificada em seis subcategorias: "peixes que vivem na lama": muriongo (O. ophis); "peixes que se enterram na lama": amoré preto do mangue (E. pisonis); "peixes que comem o que está encima da lama": bagre cambueiro (G. genidens); "peixes que comem lama": curimã (M. lisa); e "peixes que gostam da lama": soia tapa (Achirus lineatus). Quanto à subcategoria, "peixes que se enterram na lama", os exemplos preferidos pelos pescadores são a taicica branca e taicica preta (G. boleosoma e G. smaragdus), que costuma enterrar-se próximo às raízes de mangue sapateiro (Rhizophora mangle) e também são encontrados enterrados em sedimentos lodosos. Conforme Menezes e Figueiredo (1985), as espécies G. boleosoma e G. smaragdus são típicas de águas salobras dos manguezais e estuários, e vivem em águas rasas, em contato direto com o substrato, onde comumente se enterram. Os "peixes de areia" (Tabela I) são muitas vezes vistos como categorias complementares ou de transição entre os microhabitats lamosos e arenosos. Alguns específicos folk como a soía tapa tanto gostam da "areia" como da "lama", enquanto o cação lixa prefere fundos arenosos. Os "peixes de areia" também costumam enterrar-se como é o caso do aniquim (Thalassophirne punctata).

A literatura etnoictiológica tem registrado que os pescadores de várias partes do mundo percebem de modo muito semelhante os diversos tipos de habitat, relacionados às manchas de fundo, em ambientes estuarinos, marinhos e dulcícolas. Maranhão (1975), Akimichi (1978) e Marques (1991) já haviam relatado categorizações similares em seus estudos com pescadores. Este último autor registrou seis tipos de microhabitats de fundo: "lama", "areiado", "pedra", "cascão", "aterro" e "capim", sendo que as categorias e subcategorias de "peixes de lama e peixes de pedra" se assemelham muito às encontradas neste estudo. Conforme Costa-Neto (1998) os pecadores de Siribinha (BA) reconhecem os mesmos três tipos de manchas de fundo categorizados neste estudo, "lama", "areia" e "pedra". De acordo com Thé (1999), os pescadores da represa de Três Marias (MG) nomeiam os hábitats de fundo em categorias do tipo: "lugar de pau", "madeira" "toco"; "lugar de pedra", "lugar de capim" e "lugar de loca". Estudos realizados recentemente por Fernandes-Pinto e Marques (2004), junto aos pescadores da Barra de Superagui, litoral Norte do Estado do Paraná, identificaram 13 tipos de micro-habitats associados à manchas de fundo.

"Buraco", "loca ou toca" e "toco caído" formam um conjunto de etnomicrohabitats reconhecidos no ERM (Tabela II). O "Buraco" e a "loca ou toca" constituem lugares do ambiente físico distinto; o "buraco" geralmente se refere a depressões no substrato mole ("lama") e está associado à zonas de mangues, enquanto que a "loca ou toca" são as reentrâncias ou fendas das rochas. A estes microhabitats estão associados determinados tipos de peixes, classificados como "peixes de buraco", uma categoria bastante ampla e subdividida em "peixe que faz buraco para morar", "peixe que faz buraco para comer" e "peixe que aproveita o buraco dos caranguejos". Um exemplo típico dos peixes que constroem "buracos" é o amoré preto do mangue e o muriongo; os peixes que utilizam os "buracos" construídos são as taicicas (Gobiidae). Os pescadores percebem a diferença entre "buracos" que são construídos por peixes e os que não o são. De acordo com eles, nos "buracos" de peixe, a água têm uma coloração "azulada" enquanto que nos "buracos" de caranguejo a água é "suja e baldiada". A literatura científica cita que os gobiídeos são encontrados em fundos moles, vivendo em "buracos" de caranguejos (Moyle e Cech, 2000). Segundo os pescadores, os peixes que constroem "buraco" só para comer são a arraia (Dasyatidae), bagre (Ariidae), pampo (Carangidae) e carapeba (Gerreidae). Pode haver sobreposição na distribuição de peixes de "loca ou toca" e peixes de "pedra", descritos anteriormente. Usualmente, os peixes que vivem em "locas", raramente são encontrados em outras manchas de fundo, tornando-se assim, exclusivos deste microhabitat. Um exemplo típico é o peixe gato (Epinephelus adscensionis), que habita somente locas de fundos rochosos, o que está de acordo com Figueiredo (1980). Troncos e raízes de árvores e coqueiros formam outro microhabitat denominado de "toco caído", que é associado pelos pescadores a determinados tipos de peixes. Os peixes que vivem embaixo de tocos caídos são representados por várias espécies folk, sendo que, a principal delas é o camurim toco (Pomadasys ramosus), cujo nome é uma alusão a este microhabitat. Os pescadores de Siribinha também identificam "toco de pau" e "cepa" como microhabitats de troncos de árvores e raízes caídos na água, respectivamente (Costa-Neto, 1998). Esta diversidade de habitats utilizados pelos peixes em ambiente estuarino, relatada pelos pescadores, é encontrada também na literatura ictiológica (Livingston, 1984; Day et al., 1989).

Conclusão

A realização desta pesquisa com enfoque etnoecológico, permitiu demonstrar que os pescadores do ERM, possuem um conhecimento sobre os peixes e o ambiente estuarino, identificando com detalhes a distribuição espacial, horizontal e vertical da ictiofauna estuarina, e os vários tipos de microhabitats.

A realização de descrições com enfoques emicistas (pescadores) e eticistas (ictiólogos) sobre a distribuição espacial e temporal e os tipos habitats mostrou-se uma técnica metodológica útil e viável para comparar e articular conhecimentos locais e formais relacionados ao universo íctio, nos estudos de conservação e preservação do estuário do rio Mamanguape.

Agradecmentos

Os autores agradecem a Carmem Alonso, Universidade Federal da Paraíba, pela tradução do resumo do português para o espanhol.

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