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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.32 n.2 Caracas feb. 2007

 

Como ñao estar na corrente principal e ser reconhecido

A investigação científica tem, pelo menos, três grandes metas principais: 1) ampliar o conhecimento do homem sobre o universo e sobre ele mesmo, 2) render benefícios à sociedade através de sua contribuição para melhorar a qualidade de vida e proteger o ambiente, e 3) publicar trabalhos para preencher os requisitos da carreira acadêmica dos investigadores.

Mas, como saber se as metas foram alcançadas? E como medir em que grau?

A primeira das metas parecera ser a mais elevada e quem sabe seja a mais difícil de aprender; por isso, e por ser a mais lenta em evidenciar-se, é a mais árdua de avaliar.

Estabelecer se existe um benefício social ou melhoria da qualidade de vida do homem ou do ambiente não resulta fácil, mas deveria ser observável. Lamentavelmente, às vezes não se aprecia em um lapso de tempo tal que permita o devido reconhecimento ao ou aos investigadores responsáveis. Por outro lado, a valorização da utilidade social é altamente complexa e com freqüência adquire cortes políticos muito pronunciados.

Por sua parte, a escala de tempo da publicação é relativamente curta e possibilita a avaliação da produtividade dos investigadores, na medida em que haja instrumentos adequados para isto. As instituições acadêmicas do primeiro mundo baseiam as respectivas avaliações na medição do impacto das publicações, estabelecidas pela contabilidade das citações a um determinado trabalho ou à revista onde é publicado, labor que realiza, desde faz já vários decênios, o Institute for Scientific Information, hoje parte de uma empresa comercial.

No entanto, os índices de citações ou impacto que resultam de tal contabilidade têm sido motivo de críticas por parte de muitas comunidades acadêmicas dos países em desenvolvimento, por representar preferivelmente, ou considerar quase exclusivamente, à chamada ciência de corrente principal, a que se faz no primeiro mundo e se publica nos idiomas desse mundo.

A avaliação da produção acadêmica, com fins de localizar ao pessoal dentro de um patamar institucional, é realizada quase sempre dentro das instituições. Com maior ou menor rigorosidade designam-se pesos variáveis para as diferentes atividades realizadas nas áreas de investigação, docência, administração ou extensão.

Adicionalmente ao patamar acadêmico, em muitos países e instituições se têm desenhado sistemas de reconhecimento paralelos que permitem outorgar suplementos de remuneração aos investigadores sem afetar a classificação institucional. O primeiro sistema nacional na nossa região foi implementado no México sob o nome de Sistema Nacional de Investigadores (SNI) e foi seguido por sistemas similares em vários países. Em outros, como Argentina, se têm estabelecido vagas de investigador nacional, também com vários níveis. Tem sido necessário estabelecer critérios e escalas para o reconhecimento, ou não, de publicações que não estão incluídas nos índices internacionais. Como resultado desses critérios há revistas de primeira classe, que dão pontuação a quem publica nelas, e outras que não dão.

Ainda que os sistemas paralelos ao patamar institucional tenham, para muitos, o defeito de não corresponder a um sistema estável de remuneração e desaparecer ao momento do retiro ou aposentadoria do investigador, sem dúvida tem cumprido com o propósito de melhorar a situação econômica dos membros do golpeado mundo acadêmico. Além disso, tem levado ao estabelecimento de sistemas locais e regionais de avaliação e classificação de publicações periódicas que permitem aos investigadores ser considerados, respeitados e premiados, ainda que seus trabalhos não apareçam nas revistas de corrente principal.

Sem desmerecer esses sistemas locais e regionais de avaliação, para o futuro crescimento e melhoramento de nossa ciência é urgente que as publicações científicas façam todos os esforços possíveis para ser incorporadas a essa corrente principal da ciência, perseguindo níveis de qualidade e visibilidade que as façam merecedoras do reconhecimento geral.

Miguel Laufer, 

Diretor, Interciência