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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.32 n.5 Caracas mayo 2007

 

DUAS DÉCADAS DE INOVAÇÃO EM CONSERVAÇÃO

Em 1987, um grupo de estudantes de pregrado da Escola de Biologia da Universidade Central da Venezuela, decidiu fundar Provita, uma Associação Civil sem fins lucrativos dedicada à conservação do ambiente em seu sentido mais amplo, com especial ênfase em espécies e ambientes ameaçados de extinção. Vinte anos depois, guiada pelo seu slogan "Inovação em Conservação," Provita se tem convertido em uma referência fundamental da conservação da diversidade biológica na Venezuela e América Latina.

O impacto científico de Provita é uma de suas principais cartas de apresentação. Seus projetos sempre têm estado ancorados em investigações que integram as ciências sociais e naturais. Dos 34 artigos publicados desde 1987 em Biodiversity and Conservation, Biological Conservation e Conservation Biology, onde pelo menos um co-autor estava baseado na Venezuela, a metade contou com autores vinculados diretamente com Provita no momento da publicação. A influência da instituição sobre as ciências da conservação na Venezuela é evidente.

É precisamente no uso destes conhecimentos para apoiar soluções a desafios de conservação de espécies e ambientes ameaçados, onde se sustenta uma de suas maiores conquistas. A publicação em 1995 do Livro Vermelho da Fauna Venezuelana foi seguida por dois decretos governamentais em 1996, que designavam oficialmente as espécies venezuelanas em perigo de extinção e a aquelas vedadas para a caça. As listas oficiais e a proposta do Livro Vermelho exibiram grande coincidência, demonstrando a aplicação direta dos aportes da academia e a sociedade civil à definição de prioridades de conservação. O Livro Vermelho, além de haver sido selecionado entre os 70 livros mais influentes no país durante os últimos 70 anos, consegue ser uma referência de consulta primordial em escolas, colégios e universidades, assim como a principal fonte empregada em artigos jornalísticos de divulgação nos meios nacionais. Como passo seguinte, em 2003 se publicou o Livro Vermelho da Flora Venezuelana e se deu inicio as investigações para o Livro Rojo dos Ambientes Venezuelanos. O desafio principal deste último foi criar um sistema de categorias de risco de extinção para ecossistemas, equivalente ao empregado a nível global para espécies. As investigações realizadas por Provita conduziram a uma proposta inovadora, a primeira em seu tipo no mundo.

Provita tem participado, além disso, em um esforço regional para transformar a informação contida nos livros vermelhos em ações concretas de investigação e conservação. A "Iniciativa Espécies Ameaçadas" (IEA) oferece apoio a projetos pequenos focados em espécies ameaçadas de extinção, através de programas paralelos na Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. IEA permite aos estudantes, investigadores, entes governamentais e à sociedade civil organizada, realizar investigações, campanhas de educação ambiental e outras atividades com impacto direto sobre o conhecimento e redução do risco de extinção da biodiversidade ameaçada. Entre 2004 e 2007, a gestão de Provita mediante a IEA tem resultado na execução de 95 projetos a favor de espécies venezuelanas ameaçadas.

Provita também tem executado projetos diretamente, destacando-se por seu trabalho na Ilha de Margarita, situada no nordeste da Venezuela. O papagaio-de-cara-amarela (Amazona barbadensis), o Periquito ñángaro (Aratinga acuticaudata neoxena) e as quatro espécies de tartaruga marinha que aninham na ilha (Dermochelys coriacea, Chelonia mydas, Caretta caretta e Eretmochelys imbricata) têm sido os principais focos de atenção de investigações biológicas, intervenções de manejo, campanhas de sensibilização e programas de educação ambiental. Entre as principais conquistas do trabalho em Margarita está o aumento da população de papagaios de 700 em 1987 a mais de 1600 na atualidade, e o ensaio bem sucedido de uma nova técnica de manejo de populações de papagaio e periquito ñángaro sob pressão por extração ilegal, conhecida como "criação em cativeiro parcial".

A principal lição aprendida durante as duas décadas de existência de Provita é que existe um espaço claro para a sociedade civil na ciência e a conservação da biodiversidade Latino-americana. No entanto, as conquistas alcançadas não serão permanentes sem uma colaboração ativa e constante entre governo, academia, sector privado, sociedade civil e, muito especialmente, com as comunidades locais. Trabalhar "com todo o mundo todo o tempo" é a chave fundamental.

Jon Paul Rodríguez

Membro Fundador e Presidente, Provita, Venezuela, Centro de Ecologia, IVIC, Venezuela