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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.32 n.8 Caracas ago. 2007

 

A CULTURA DA PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA (I)

Nos países avançados, em particular no mundo anglosaxão, tem se desenvolvido uma cultura da divulgação científica que é hoje imperante em todo o orbe. Sem restar importância à produção de textos e séries de natureza monográfica, a forma preponderante de comunicação de resultados e idéias em ciência e tecnologia é a revista periódica. O número de revistas científicas cresceu exponencialmente desde mediados do século XVIII até sua progressiva saturação, na segunda metade do século passado. Tem-se estimado a existência de um número de ordem de 50000 publicações científicas periódicas.

Na América Latina a produção destas últimas não é nada depreciável. Latindex, o sistema regional de informação em linha para revistas científicas, cujo objetivo é reunir e disseminar informação bibliográfica sobre as publicações científicas seriadas produzidas na região da América Latina e o Caribe, e que, além disso, inclui a Espanha e Portugal, incorpora cerca de 20000 títulos. Destes quase 9000 correspondem às ciências médicas, exatas e naturais, engenharias e agro ciências, assim como um número mais reduzido, ainda que significativo, de revistas multidisciplinares. As outras 11000 revistas concernem às áreas sociais, artes e humanidades.

O predomínio numérico do segundo grupo de áreas é ainda mais marcado nas publicações incluídas em Redalyc, hemeroteca científica regional em linha com textos completos que agrupa umas 400 revistas, das quais menos de um quarto correspondem a áreas das ciências naturais. No obstante, é necessário tomar estas cifras com precaução, já que os critérios de classificação não são equivalentes.

Ante tão alto número de publicações registradas por Latindex, cabe perguntar-se por que apenas cerca de 300 títulos se encontram incluídos na coleção de SciELO e menos de 50 títulos de revistas produzidas na América Latina se encontram no Science Citation Index, que abarca cerca de 6000 revistas científicas de todo o mundo. O fator mais importante neste último caso pareceria ser o do idioma, mas no primeiro certamente não é.

SciELO é um repositório regional de revistas certificadas em franco crescimento e os parâmetros de qualidade que impõe levam a situações discrepantes que parecem ser paradoxos. Por exemplo, enquanto Latindex registra quase 2400 títulos de publicações de Argentina e cerca de 1200 do Brasil, SciELO contêm na atualidade 27 e 176 títulos, respectivamente, para esses dois países.

O primeiro fator apontado como causa das diferenças entre os números de revistas de qualidade, ou indexadas, no norte e no sul é o idioma, que para muitos representa uma barreira insalvável que sempre estabelecerá uma importante dicotomia na capacidade de alcançar uma difusão mundial da ciência e a tecnologia. Muito se tem dito e escrito ao respeito, mas é difícil que se chegue mais além da inserção obrigatória de resumos em inglês em todos os trabalhos publicados, ainda que algumas revistas contemplem a apresentação paralela de cada trabalho em seu idioma original e em inglês.

É claro que ao lado da identidade e soberania lingüística nacionais, que sem duvida devem defender-se e que justificam plenamente o uso do idioma de cada grupo social, privam limitações no que concerne à capacidade de uso do inglês, tanto por parte dos autores como dos leitores, em especial os estudantes. No entanto, o idioma pouco ou nada tem que ver com a qualidade do material publicado, a qual se deriva de fatores inerentes às condições intelectuais dos investigadores e ao nível de desenvolvimento científico-tecnológico da sociedade.

Outros elementos diferenciais de importância nas duas culturas, entre os que se encontram o conceito de editor e sua aplicação em diferentes culturas, a profissionalização dos corpos editoriais, a distribuição e características do financiamento recebido, serão tratados nos próximos editoriais.

Miguel Laufer. Diretor Interciência