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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.32 n.12 Caracas dic. 2007

 

A CULTURA DA PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA (V)

É necessário entender que em comunidades científicas relativamente pequenas e com recursos comparativamente limitados, a produção científica e tecnológica de qualidade não chegará a ser abundante, no entanto, é fundamental reconhecer que ela existe. Também há necessidade de compreender que os investigadores que produzem trabalhos de qualidade, que existem, preferem publicá-los em revistas, de "corrente principal", amplamente distribuídas e indexadas, a fim de conseguir maior difusão e impacto.

¿Devemos então resignar-nos a publicar nossa boa ciência em idiomas e revistas forâneas, muitas das quais, por não dizer a maioria, são de difícil e custoso acesso em nossos centros de estudo e investigação?

Pelo contrario, deveríamos assumir o desafio de melhorar a qualidade, pontualidade e distribuição das publicações, assim como tomar consciência do grande esforço que se requer realizar na direção de consolidar revistas em função de disciplinas e regiões geográficas, para algum dia contar com recursos suficientes que permitam a profissionalização de grupos editoriais, a distribuição conjunta e a ajuda de suficientes contribuições para conseguir uma seleção adequada de material com a maior qualidade possível. Somente contando com material de alta qualidade será possível aceder ao reconhecimento da comunidade científica internacional.

A diferença do que sucede nos países desenvolvidos, no mercado das publicações científicas é em geral muito reduzido nos países chamados em vias de desenvolvimento, e seguirá sendo enquanto se mantenha a atual atomização, referida tanto a disciplinas como a instituições, sociedades profissionais e agrupações de científicos. Lutar efetivamente contra essa realidade requer de um grande espírito de colaboração e de grandes esforços.

A disponibilidade de meios eletrônicos acarreta vantagens muito importantes quanto à velocidade de publicação, a redução de custos de impressão e distribuição, e o acesso, todo o qual deveria favorecer aos países pequenos, pelo que sua utilização deve ser incrementada significativamente. Mas o certo é que os monopólios das grandes casas editoriais internacionais seguem existindo, que os meios eletrônicos ainda não tem alcance universal em nossos países e, mais importante a curto prazo, que não melhoram a qualidade do publicado.

Mas esses meios eletrônicos tendem pontes instantâneas que poderiam facilitar enormemente a integração de revistas com temáticas afins, mas adscrições institucionais diferentes, o qual bem poderia ser um primeiro passo para uma maior e melhor cultura da publicação científica em nossos países. Os programas de fomento dos organismos oficiais, tanto a nível nacional como internacional, poderiam ter um papel estrelar em conduzir a essa integração. Para dar lugar ao material produzido por grupos de investigação que agora publicam em revistas separadas, os grupos editoriais deveriam ser ampliados, o processo de seleção decidido fazendo uso da maior rigorosidade possível, e a periodicidade e/ou número de páginas poderiam ser incrementados. Os grupos editoriais deveriam contar com apoio suficiente para que possa ser-lhes exigido o cumprimento das metas traçadas, e a distribuição ampla e oportuna das revistas deve ser assegurada.

Um número menor de revistas, mas com maior alcance e qualidade, também seria um fator positivo para reduzir os custos de distribuição, particularmente altos quando se trata de envios internacionais, que poderia negociar-se em forma consolidada para varias publicações.

Finalmente, a subscrição por parte de instituições oficiais deve ser apoiada pelos organismos de ciência e tecnologia nacionais, para alcançar assim uma maior tiragem e distribuição, dando uma maior justificação à produção de revistas científicas.

O principal obstáculo que parecera existir é que cada passo a dar para avançar, toma mais tempo do que queremos esperar, e exige maior colaboração e esforço conjuntos do que parecemos dispostos a fazer.

Miguel Laufer, Diretor Interciência