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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.33 n.6 Caracas jun. 2008

 

O Instituto Interamericano de Investigações sobre a mudança global: um recurso para as Américas

Quando foi criado por acordo intergovernamental o 13 de maio de 1992, em Montevidéu, Uruguai, o Instituto Interamericano de Investigações sobre a Mudança Global (IAI; www.iai.int) foi concebido como um instrumento com o qual, cientistas e aqueles com poder de decisão em países das Américas pudessem atender conjuntamente os assuntos críticos transfronteiriços associados à mudança global. Hoje, o IAI é financiado por 19 países da região e mantêm seu compromisso de busca da excelência científica, cooperação internacional e livre intercâmbio de informação científica para aumentar a compreensão dos fenômenos da mudança global e suas implicações socioeconômicas. Especificamente, a missão declarada do IAI é 1) desenvolver a capacidade de compreender o impacto integrado da mudança global presente e futuro sobre os ambientes regionais e continentais nas Américas, e 2) promover as investigações conjuntas e a ação baseada em informação adequada em todos os níveis.

Estruturalmente, o IAI consiste de quatro órgãos institucionais principais para implementar sua missão: 1) a Conferência das Partes (CoP), órgão principal de estabelecimento de políticas do Instituto, que inclui representantes de cada país membro; 2) o Conselho Executivo (CE), órgão executivo do Instituto constituído por um grupo de representantes eleitos da CoP: 3) o Comitê Científico Assessor (CCA), principal órgão de assessoria científica do Instituto, designado pela CoP; e 4) o Diretório (DIR), órgão administrativo do Instituto, radicado em São Jose dos Campos, Brasil, com o auspicio do governo brasileiro.

No período de julho de 2006 a julho de 2007, um Comitê Revisor Externo (CRE) formado por uma equipe de cientistas das Américas com prestígio internacional na área da mudança global foi designado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) para que revisasse as conquistas do IAI nos últimos 15 anos em função de seus estatutos, com especial atenção a cinco temas: ciência e investigação, construção de capacidades, financiamento, operações e governabilidade, e comunicações e diálogo (veja o relatório do CRE em www.aaas.org/ programs/centers/sd/aaas_IAI report_0607.pdf). Na revisão se deixou claro que o IAI havia mais que provado sua valia, feito conquistas científicas notáveis, superado dificuldades operativas e estava agora em uma trajetória organizativa positiva. O programa atual de investigações do IAI, o qual ao momento do estudo havia financiado 140 projetos, é percebido como produtor de ciência de alta qualidade, especialmente nas ciências naturais.

A maior contribuição regional do Instituto tem sido a bem sucedida construção de capacidade científica ao longo das Américas a través de seus numerosos institutos de adestramento, oficinas e pequenas subvenções e apoios a projetos incubadores. Ao momento da revisão, aproximadamente 300 cientistas de 26 países do continente haviam recebido adestramento. No entanto, ao longo de grande parte de sua existência, o IAI se manteve, em muitos aspectos, como o segredo melhor guardado das Américas. Uma razão para essa percepção pode ser que o progresso em ciências e na construção de capacidade científica foi levado suficientemente ao discurso e à ação com relevância política. Uma ciência forte pode e deve ser suporte de políticas nacionais e regionais, e apoiar as contribuições da região à agenda de investigações sobre mudança global. Os esforços recentes do IAI para acoplar as ciências naturais e sociais e o diálogo com aqueles que decidem são críticos para suas conquistas, embora estes objetivos requeiram ainda de maior desenvolvimento.

Pouco é debatido sobre como a mudança global está afetando recursos naturais compartidos. Existe uma oportunidade especial para o IAI de emergir como líder em investigação sobre mudança global ao comunicar suas conquistas científicas a través da avaliação regional dos achados do recente relatório da Equipe Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC). No entanto, concretizar esta oportunidade requerera um compromisso renovado do CoP e recursos adicionais para o Instituto. A administração e infra-estrutura do IAI dependem do esforço contínuo dos países para cumprir seus compromissos, e o fluxo de recursos adequados é crítico para o sucesso futuro do IAI. Ao melhorar sua capacidade para comunicar-se com os cientistas e tomadores de decisão da região em múltiples níveis, e incrementar as investigações na dimensão humana da mudança global, o IAI será mais relevante, como deve ser, para o desenvolvimento e necessidades políticas das Américas.

Robert J. Swap, University of Virginia, EEUU