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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.33 n.12 Caracas dic. 2008

 

O uso dos recursos pesqueiros no estuário do rio mamanguape, estado da Paraíba, Brasil.

Michelle da Silva Pimentel Rocha, José da Silva Mourão, Wedson de Medeiros Silva Souto, Raynner Rilke Duarte Barboza e Rômulo Romeu da Nóbrega Alves.

Michelle da Silva Pimentel Rocha. Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Brasil. Endereço: Avenida das Baraúnas, Campina Grande, Paraíba 58109-753, Brasil. email: michellepimentel@windowslive.com

José da Silva Mourão. Doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos, Brasil. Mestre em Ciências Biológicas, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Brasil. Professor, UEPB, Brasil. e-mail: jose.mourao@pq.cnpq.br

Wedson de Medeiros Silva Souto. Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente, UEPB, Brasil. Bolsista do DAAD (Deutscher Akademischer Austausch Dienst). e-mail: wedson.medeiros@gmail.com

Raynner Rilke Duarte Barbosa. Mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental, UEPB, Brasil. email: raynner.rilke@uol.com.br

Rômulo Romeu da Nóbrega Alves. Mestre e Doutor em Ciências Biológicas, UFPB, Brasil. Professor, UEPB, Brasil. e-mail: romulo_nobrega@yahoo.com.br

RESUMO

O complexo estuário-manguezal possui um elevado capital natural, fornecendo diversos serviços ecológicos e recursos naturais para as comunidades costeiras, de uso na subsistência ou na economia local. O presente trabalho teve como objetivo inventariar os usos dos recursos pesqueiros provenientes do estuário do Rio Mamanguape localizado no Estado da Paraíba, Brasil. Para isto, foi utilizada uma proposta metodológica que envolveu a combinação de métodos qualitativos (entrevistas e observação direta) e quantitativos (valor de uso e concordância de uso principal corrigido). Foram entrevistadas 30 pessoas, sendo registrado o uso de 68 espécies, entre peixes, crustáceos e moluscos. As espécies mais importantes foram Opisthonema oglinum, Anomalocardia brasiliana, Mugil curema, Crassostrea rhizophorae, Ucides cordatus, Centropomus sp. e Panulirus argus. As espécies são utilizadas principalmente para comercialização e consumo local, entretanto, algumas delas são utilizadas para fins medicinais (usos zooterapêuticos) e como iscas para captura de outras espécies. A biodiversidade de recursos explorados registrada neste trabalho evidencia a importância dos manguezais para as comunidades que aí se desenvolvem e os dados obtidos podem servir de base para a elaboração de projetos de manejo que visem à conservação dos recursos e da diversidade cultural.

Use of fishing resources in the mamanguape river estuary, Paraiba state, Brazil.

SUMMARY

Estuary-mangrove complexes possess a rich natural capital and furnish diverse ecological services and natural resources to local coastal communities for both subsistence and economic ends. The present work presents an inventory of the uses of fishing resources at the Mamanguape River estuary, located in Paraíba State, Brazil. The inventory was prepared using a methodological approach that involved a combination of qualitative (interviews and direct observations) and quantitative (use-value and corrected principal-use concordance) approaches. A total of 30 people were interviewed and 68 species of fish, crustaceans and mollusks were identified as being used. The most important species were Opisthonema oglinum, Anomalocardia brasiliana, Mugil curema, Crassostrea rhizophorae, Ucides cordatus, Centropomus sp. and Panulirus argus. The species harvested are principally commercialized or consumed locally, although some are used for medicinal (zootherapeutic) purposes and as bait to capture other species. The biodiversity of the resources reported here is indicative of the importance of mangrove swamps for the local communities, and the data can be used for the design of management projects directed towards the conservation of both regional natural resources and cultural diversity.

Utilización de los recusos pesqueros en el estuario del río mamanguape, estado de Paraiba, Brasil.

RESUMEN

El complejo estuario-manglar tiene un elevado capital natural, proporcionando varios servicios ecológicos y recursos naturales a las comunidades costeras, para el uso en la subsistencia o en la economía local. El presente trabajo tuvo como objetivo inventariar los usos de los recursos pesqueros provenientes del estuario del Río Mamanguape (ERM), localizado en el Estado de Paraíba, Brasil. Para ello fue utilizada una propuesta metodológica que incluyó la combinación de métodos cualitativos (entrevistas y observación directa) y cuantitativos (valor de uso y concordancia de uso principal corregido). Fueron entrevistadas 30 personas, registrándose el uso de 68 especies entre peces, crustáceos y moluscos. Las especies más importantes identificadas fueron Opisthonema oglinum, Anomalocardia brasiliana, Mugil curema, Crassostrea rhizophorae, Ucides cordatus, Centropomus sp. y Panulirus argus. Las especies son utilizadas principalmente para la comercialización y consumo local; sin embargo, algunas de ellas son utilizadas para fines medicinales (usos zooterapéuticos) y como cebo para la captura de otras especies. La biodiversidad de recursos registrada en este trabajo demuestra la importancia de los manglares para las comunidades que allí se desenvuelven y los datos obtenidos pueden servir de base para la elaboración del proyectos de manejo que persigan la conservación de los recursos e en la diversidad cultural.

PALAVRAS CHAVE / Biodiversidade / Complexo Estuário-Manguezal / Conservação / Recursos Pesqueiros /

Recebido: 11/02/2008.  Modificado: 29/09/2008.  Aceito: 02/10/2008.

Introdução

O complexo estuário-manguezal representa uma zona de transição entre os habitats de águas doce e marinho apresentando, assim, uma alta variação de parâmetros ambientais, como turbidez, concentração de alimento e salinidade (Odum e Barret, 2007). Esses fatores são responsáveis por uma elevada produtividade biológica fornecedora de uma ampla variedade de recursos ecológicos e naturais importantes para a manutenção da biodiversidade e para a sobrevivência das comunidades humanas costeiras (Rönnbäck, 1999; Prost e Loubry, 2000). Manguezais formam a base de uma complexa rede alimentar que mantém estuários, zonas costeiras e algumas áreas de pesca (Patu, 2002).

Muitas comunidades litorâneas obtêm sua subsistência dos manguezais por meio da pesca, da exploração de madeira e/ou turismo (Glaser e Grasso, 1998; Rönnbäck, 1999; Prost e Loubry, 2000; Alves e Nishida 2002, 2003; Mourão e Nordi, 2002, 2006; Dias, 2006; Hanazaki e Begossi, 2006). Contudo, os manguezais são extremamente frágeis e vêm sofrendo severos impactos ambientais que, conseqüentemente, acarretam em ameaças a qualquer atividade dependente desses ecossistemas.

A implementação de medidas conservacionistas visando à preservação dos manguezais e ecossistemas costeiros necessitam integrar o conhecimento das comunidades tradicionais que vivem próximas ou inseridas nessas áreas. No Brasil, a lei 9.985 de 18 de junho de 2000 (Artigo 5º), que criou o Sistema Nacional de Áreas Protegidas, assegura que comunidades tradicionais e populações indígenas que vivem em áreas protegidas devem tomar parte no processo de estabelecimento ou de administração e monitoramento de tais áreas (Patu, 2002). O conhecimento local é um recurso valioso que deve ser considerado em planos de desenvolvimento e em estudos de manejo do meio ambiente (Alves e Rosa, 2005; Drew, 2005; Pedroso Junior e Sato, 2005), sendo impossível desenvolver modelos sustentáveis de apropriação dos recursos naturais sem antes estudar a experiência adquirida pelas culturas locais durante os ciclos de interação com o ecossistema (Toledo e Castillo, 1999).

Desta forma, o presente estudo teve como proposta inventariar os recursos faunísticos associados ao manguezal que são usados pelas comunidades de Barra de Mamanguape e Lagoa de Praia, estuário do Rio Mamanguape (Estado da Paraíba, Brasil), estabelecendo os usos e a importância desses recursos para a reprodução do modo de vida dessas comunidades e contribuindo para o desenvolvimento posterior de planos de manejo e uso sustentável das espécies faunísticas usadas por indivíduos que aí residem.

Área de Estudo

O estuário do Rio Mamanguape (ERM; Figura 1) está localizado no litoral norte do Estado da Paraíba, entre 6°43’02’’ e 6º51’54’’S e entre 35°67’46’’ e 34°54’04’’O. Possui uma extensão aproximada de 25km no sentido leste-oeste e uma largura de 5km no sentido norte-sul, constituindo uma área de 16400ha que faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Barra de Mamanguape, criada pelo Decreto Federal Nº 924, de 10 de setembro de 1993, cujo objetivo é proteger os ecossistemas costeiros e o peixe-boi marinho (Trichechus manatus Linnaeus, 1758; Mourão e Nordi, 2002, 2003).

A porção estuarina da APA abrange uma vasta extensão de manguezal, com aproximadamente 6000ha de mangue, representando a maior área de mangue do Estado da Paraíba. Este manguezal apresenta-se como um dos mais preservados do Estado, apesar da influência antrópica com a retirada de madeira pelos ribeirinhos, do cultivo da cana-de-açúcar e da recente implantação da carcinicultura (Alves e Nishida, 2003). A contaminação gerada pelos produtos provenientes da agroindústria canavieira, associada ao desmatamento do manguezal, tem ocasionado transformações que se refletem na redução da produção pesqueira e no assoreamento do leito do rio (Alves et al., 2005).

A pesquisa foi realizada junto às comunidades de Barra de Mamanguape e Lagoa de Praia, localizadas na APA de Barra de Mamanguape, às margens do ERM. Essas comunidades são constituídas basicamente por uma mistura de elementos indígenas, negros e brancos e que desenvolvem suas atividades pesqueiras na área de entorno e no próprio Rio Mamanguape (Paludo e Klonowski, 1999; Mourão e Nordi, 2006). A oferta de emprego nesta área é praticamente inexistente, a não ser como mão-de-obra para as fazendas de cana-de-açúcar e na atividade turística, que está em desenvolvimento no local. Apesar de a região ser rica em recursos naturais, a população é pobre, apresentando homogeneidade no quadro socioeconômico entre as famílias (Mourão, 2000).

Métodos

Procedimentos

Os trabalhos de campo ocorreram junto às comunidades de Barra de Mamanguape e Lagoa de Praia no período de julho a outubro 2006, onde foram realizadas visitas periódicas a cada 15 dias. Neste estudo foi utilizada uma proposta metodológica que envolveu uma combinação de métodos qualitativos e quantitativos para possibilitar uma abordagem responsavelmente equilibrada, devendo-se reconhecer a legitimidade de ambos os métodos e buscar, se e quando necessário, a sua integração, pois uma fornece respostas às perguntas que a outra, pelas suas próprias limitações, não consegue dar (Marques, 2002).

Para a abordagem qualitativa, por meio da qual procurou obter os dados a respeito do contexto pesqueiro a ser estudado, foram utilizados os métodos de entrevista aberta e semi-estruturada, e de observação direta (Bernard, 1994; Marques, 1995; Viertler, 2002). A amostragem foi não-aleatória intencional (Almeida e Albuquerque, 2002), na qual foram pré-definidos os entrevistados, aqui representados por pescadores(as). Inicialmente, realizaram-se entrevistas abertas com a finalidade de se conhecer aspectos da interação entre as comunidades-alvo e o complexo estuário-manguezal. A partir das informações obtidas, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, visando à obtenção de dados sobre a exploração, utilização e conservação dos recursos provenientes do complexo estuário-manguezal do Rio Mamanguape. As entrevistas realizadas para esta abordagem foram aplicadas individualmente a 30 pessoas (20 homens e 10 mulheres), sendo 18 entrevistados da comunidade de Barra de Mamanguape e 12 entrevistados pertencentes à comunidade de Lagoa de Praia. As entrevistas foram registradas graficamente e, quando permitido pelo entrevistado, eletromagneticamente, com a utilização de um mini-gravador portátil e fitas micro-cassetes, sendo as informações posteriormente transcritas.

Os dados obtidos foram analisados por meio da interpretação do discurso dos entrevistados (Mourão e Nordi, 2003), com base no modelo de união das diversas competências individuais (Hays, 1976), que consiste em considerar todas as informações fornecidas por todos os entrevistados, sem exclusão. Para confirmar a validade e consistência das informações, recorreu-se à repetição das entrevistas em situações sincrônicas, onde a mesma pergunta é feita a pessoas diferentes, em tempo bastante próximo (Maranhão, 1975). Os nomes vernaculares das espécies foram registrados como citados pelos entrevistados, sendo a identificação feita através de fotografias, especialistas, trabalhos etnoecológicos e etnotaxonômicos já realizados na área (Mourão, 2000; Mourão e Nordi, 2002, 2003; Nishida et al., 2004, 2006) e bibliografia especializada (Figueiredo e Menezes, 1980a, 1980b, 1985).

Para a abordagem quantitativa, cuja finalidade foi quantificar os recursos explorados e apontar quais os de maior importância para as comunidades estudadas, foi organizada uma listagem contendo todas as espécies da fauna citadas por cada entrevistado, bem como sua utilidade. Baseando-se em Silvano et al. (2002), os usos dos recursos faunísticos foram agrupados em quatro categorias: comercialização (onde os recursos capturados são destinados à venda por apresentarem valor comercial), consumo local (onde os recursos capturados são utilizados apenas para alimentação por não possuírem valor comercial), medicinal (corresponde aos recursos utilizados para o tratamento de doenças) e artefato de pesca (onde os recursos capturados são utilizados como isca). O número de citações para cada espécie e o número de espécies citadas para cada categoria de uso foram usados para a construção de duas matrizes de dados, para posterior análise por meio de técnicas quantitativas.

Para cada espécie citada foi calculado seu respectivo valor de uso (VU), adaptado de Albuquerque et al. (2006), que possibilitou demonstrar a importância relativa da espécie conhecida localmente, independente da opinião do pesquisador (Alves e Rosa, 2007). O valor de uso é calculado, entrevistando-se cada indivíduo uma única vez (Ferraz et al., 2006), através da fórmula VU= U/n, onde VU: valor de uso da espécie, U: número de citações por espécie, e n: número de informantes.

Para cada espécie também foi calculado a concordância de uso principal corrigido (CUPc), que fornece a importância relativa de uma determinada espécie relacionando-a com os usos comuns para essa espécie em uma dada comunidade. O cálculo foi baseado no trabalho de Friedman et al. (1986), modificado por Amorozo e Gély (1988); todavia, diferentemente destes, mesmo espécies com uma única citação foram consideradas, uma vez que o fator de correção (FC) permite corrigir eventuais distorções nos resultados. Sendo assim, temos:

CUP= (UP ´ 100)/E

FC= E/Em

CUPc= CUP x FC

onde CUP: concordância de uso principal, UP: número de informantes que citaram o(s) uso(s) principal(is) da espécie, E: número de informantes que citaram a espécie (número de citações por espécie), FC: fator de correção, Em: número de informantes que citaram a espécie mais citada, e CUPc: concordância de uso principal corrigido.

Resultados e Discussão

Recursos biológicos explorados no ERM

Já pesquei caranguejo, siri, aratu, ostra, marisco, lagosta, peixe [...] Tudo que tem aqui eu já pesquei (E., pescador de Barra de Mamanguape).

Foi registrado o uso de 68 espécies de animais distribuídas em três categorias taxonômicas: peixes (n= 48 espécies), crustáceos (n= 15) e moluscos (n= 6). Esses resultados corroboram com diferentes trabalhos que apontam para a riqueza de recursos explorados em áreas de manguezais no Brasil e no mundo (Hanazaki et al., 1996; Pisey, 1997; Siddiqi, 1997; Vannucci, 1997; Paludo e Klonowski, 1999; Rönnbäck, 1999; Silva, 2004; Dias, 2006).

Porém, é importante ressaltar que o presente estudo leva em consideração apenas a riqueza de espécies que apresentam alguma importância de uso, seja no sentido utilitário ou simbólico. Como afirma Silva (2004), "falar de diversidade de espécies conhecidas por pescadores é uma análise que vai além do que o pescador menciona", uma vez que estes detêm, também, um amplo conhecimento sobre as espécies que não são utilizadas por eles. Este fato pode ser verificado no seguinte relato: Todo tipo de peixe que existe aqui no estuário e no mar, acho que eu conheço quase tudo (E., pescador de Barra de Mamanguape).

Peixes

Nas comunidades estudadas, foram registradas 48 espécies de peixes pertencentes a 26 famílias e 38 gêneros (Tabela I). As famílias de peixes mais representativas em número de espécies foram Carangidae e Scombridae (4 espécies). Quanto ao número de citações por espécies, que indica quais são de fato as mais importantes para os moradores locais, as famílias mais representativas entre os entrevistados (n= 204 citações) foram Clupeidae e Mugilidae.

O número de espécies que compõe a ictiofauna explorada pelos pescadores artesanais das áreas estudadas é expressivo e demonstra a estreita relação entre as espécies, as comunidades e o manguezal. A importância da ictiofauna para as populações ribeirinhas vem sendo alvo de muitos estudos em áreas costeiras no Brasil. Alguns exemplos são os trabalhos de Dias (2006) que, em estudo sobre exploração de recursos por pescadores artesanais, registrou um total de 50 espécies, pertencentes a 38 gêneros e 30 famílias, sendo Gerreidae e Lutjanidae as famílias com maior número de espécies; já Ramires e Barrella (2003) registraram 54 espécies, distribuídas em 28 famílias na Estação Ecológica de Juréia-Itatins, em São Paulo. Dentre as espécies citadas no presente trabalho, a sardinha-azul (Opistonema oglinum - Clupeidae) foi a que teve maior número de citações (n= 28). Segundo levantamento pesqueiro realizado em 1995 (dados não publicados) na comunidade de Barra de Mamanguape, pelos pesquisadores José da Silva Mourão e Nivaldo Nordi (Universidade Estadual da Paraíba e Universidade Federal de São Carlos, respectivamente), foram pescados cerca de 19,5ton de sardinha-azul no período de um ano. Este dado demonstra que a comunidade, há muito tempo, tem explorado intensamente este recurso. Outras espécies de peixes mais citadas foram a tainha (Mugil curema - Mugilidae) e camurim (Centropomus sp. - Centropomidae), com 19 e 15 citações, respectivamente. O valor de uso (VU) para as espécies de peixes utilizadas variou de 0,03 a 0,93, sendo a espécie O. oglinum com maior VU (0,93) (Tabela I).

Estudos sobre a pesca artesanal, realizados tanto com comunidades costeiras quanto ribeirinhas, mostram que a diversidade de espécies de peixes exploradas é ampla, sendo algumas espécies mais capturadas e comercializadas que outras (Silva e Begossi, 2004; Dias, 2006). Hanazaki et al. (1996), em estudo sobre o uso dos recursos por pescadores da Ponta do Almada, no Estado de São Paulo, observaram que entre as espécies mais exploradas está a tainha (M. curema), sendo registrada também a captura de espécies pertencentes às famílias Clupeidae, Centropomidae e Scombridae. Silva (2004) aponta que as espécies dos gêneros Mugil, Centropomus e Cynoscion estão entre as de maior importância na pesca artesanal de Canguaretama (RN). Já Costa Neto (2000) registrou que Mugilidae, Centropomidae e Engraulidae estão entre as famílias de destaque na pesca artesanal do Município do Conde, Estado da Bahia, Brasil. As famílias Clupeidae, Mugilidade e Centropomidae, portanto, constituem-se dentre os recursos mais valiosos e explorados nas áreas estudadas do ERM, bem como em estudos realizados em outras áreas. Assim, a presença de espécies que representam recursos-alvo deve ser levada em consideração no que diz respeito à elaboração de práticas de manejo e conservação.

Crustáceos

Diversas espécies de crustáceos são capturadas pelas comunidades do ERM, a exemplo de caranguejos, siris, lagostas e camarões. No presente estudo foram registradas 15 espécies de crustáceos, pertencentes a sete famílias e sete gêneros (Tabela I). As famílias mais representativas em número de espécies citadas foram Portunidae, Grapsidae e Palinuridae. Já quanto ao número de citações entre os entrevistados, as famílias com maior representatividade foram Portunidae, Palinuridae e Ocypodidae. Os crustáceos representam um importante recurso explorado pelas comunidades ribeirinhas que vivem próximas aos manguezais e, segundo Alves e Nishida (2003), representam um dos grupos de maior relevância para a economia doméstica de várias famílias que se desenvolvem no entorno dos manguezais. Para Rönnbäck (1999), os crustáceos são recursos de grande valor econômico e ecológico, sendo os camarões da família Panaeidae e os caranguejos os exemplos mais importantes.

Dentre as espécies de crustáceos mais citadas nas comunidades estudadas, destacam-se: lagosta-vermelha (Panulirus argus - Palinuridae), caranguejo-uçá (Ucides cordatus - Ocypodidae) e goiamum (Cardisoma guanhumi - Gercacinidae). O valor de uso registrado para as espécies utilizadas variou de 0,03 a 0,56, sendo P. argus a que apresenta maior valor de uso (0,56). Estudos sobre a pesca de crustáceos, realizados junto a catadores tradicionais, mostram uma ampla diversidade explorada potencialmente, sendo alguns crustáceos de maior importância para as áreas envolvidas. Alves e Nishida (2003) observaram que, entre as espécies capturadas e comercializadas pelos catadores no ERM, merecem destaque o goiamum, o aratú, os siris e o caranguejo-uçá, sendo este último o principal recurso explorado. Silva (2004) constatou que 55% do pescado de Canguaretama (RN) é representado pela captura do caranguejo-uçá, sendo capturados também o goiamum, o aratú e o camarão.

Moluscos

Os resultados obtidos registraram a exploração de cinco espécies de moluscos, pertencentes a quatro famílias e cinco gêneros (Tabela I), destacando-se Veneride e Ostreidae como as mais exploradas. Apesar de estudos sobre a exploração de moluscos serem escassos, alguns autores apontam a importância desse grupo para comunidades que dependem dos recursos oferecidos pelos manguezais. Conforme afirma Rönnbäck (1999), os moluscos constituem um importante recurso pesqueiro séssil que são extensivamente explorados por famílias de pescadores locais. De acordo Nishida et al. (2006) e Paludo e Klonowski (1999), as espécies de ostras (Crassostrea spp. - Ostreidae), o marisco (Anomalocardia brasiliana - Veneridae) e o sururu (Mytela guyanensis - Mytilidae) são as mais relevantes em termos de uso na área do ERM.

O valor de uso (VU) para os moluscos utilizados pelas comunidades estudadas amostra apresentou-se bastante diversificado entre as espécies, com variação de 0,03 a 0,86. O bivalve A. brasiliana representa a espécie com o maior VU (0,86), representando um dos recursos mais explorados pelas comunidades de Barra de Mamanguape e Lagoa de Praia. Nishida et al. (2004) registraram, entre os moradores das comunidades de Tramataia e Camurupim, localizadas também no ERM, que a atividade de catação de moluscos é restrita à exploração de marisco, demonstrando a importância deste recurso para os pescadores que vivem às margens desse estuário. Silva (2004) observou que o sururu, o marisco e a ostra foram as espécies de moluscos mais citadas na comunidade do Canto do Mangue (RN). Já Clauzet et al. (2005) observaram que a lula (Logilo spp.) é um recurso fortemente explorado pelos pescadores do Litoral de São Paulo.

Embora os estoques naturais de moluscos sejam considerados suficientes para suprir a demanda do mercado (Rönnbäck, 1999), os catadores apontam que os mesmos estão diminuindo. Segundo Nishida et al. (2004), o aumento da demanda e as pressões a que se tem submetido o complexo estuário-manguezal têm contribuído para este fato. Entre alguns fatores, Rönnbäck (1999) aponta que, além do aumento da demanda, a perda do hábitat (desmatamento das florestas de mangue) e a poluição estão entre as principais causas para a redução dos estoques de moluscos.

Usos principais das espécies pelos moradores do ERM

Isso é a sobrevivência da família daqui [...] o que sobra, vende (E., pescador de Barra de Mamanguape, evidenciando o caráter de subsistência do uso dos recursos pesqueiros pelas comunidades do ERM).

Os recursos pesqueiros explorados no ERM podem ser agrupados em quatro categorias de uso: artefato de pesca, comercialização, consumo local e medicinal.

Os recursos utilizados pelos moradores do ERM destinam-se, sobretudo para o consumo local e comercialização. Todavia, eles também fazem uso de peixes (52,2% das citações) e crustáceos (47,8%) para a produção de artefatos de pescas, bem como de peixes e moluscos (ambos 50% das citações) para tratamento tradicional de doenças.

Adicionalmente, a Tabela I também traz a porcentagem de concordância de uso principal corrigido (CUPc) das espécies animais utilizadas pelos moradores das comunidades estudadas. Como pode ser visto, as espécies com maior CUPc são a sardinha-azul (O. Oglinum; CUPc= 100%), o marisco-pedra (A. Brasiliana; 92,86%), a tainha (M. curema; 67,86%), a ostra (Crassostrea rhizophorae; 57,14%), o caranguejo-uçá (U. cordatus; 57,14%), o camurim (Centropomus sp.; 53,57%), a lagosta-vermelha (P. argus; 50%), a pescada (Cynoscion sp.; 42,86%), além do siri-azul (Callinectes danae) e do bagre (Genidens genidens), ambos com CUP= 39,29%. Estas espécies também coincidem com as que apresentam maior valor de uso (VU) e correspondem as mais importantes para os moradores das comunidades de Barra de Mamanguape e Lagoa de praia, sobretudo do ponto de vista comercial ou para consumo local.

A importância da pesca artesanal como fonte de alimento e renda para as comunidades ribeirinhas e costeiras verificada neste estudo corrobora com os trabalhos de Costa Neto (2000), Dias (2006) e Silva (2004). Dias (2006) também constatou a utilização de alguns recursos pesqueiros como artefatos de pesca (isca) para a captura de animais importantes para o consumo e venda, e para a pesca esportiva no litoral do Nordeste do Brasil. Dentre os trabalhos nos quais os autores ressaltam a importância dos recursos faunísticos para a medicina tradicional estão os de Alves e Rosa (2007), que registraram o uso de 138 animais medicinais em comunidades pesqueiras do Norte e Nordeste do Brasil; e Marques (1995), que identificou 56 animais utilizados na medicina popular na Várzea de Marituba, no Estado de Alagoas.

Conclusão

A variedade de recursos registrada neste estudo reforça o papel dos manguezais como um ecossistema responsável pela subsistência das comunidades costeiras e de ribeirinhos, já que as atividades de pesca realizadas pelas comunidades estudadas são de extrema importância econômica e social. Na área de estudo, os recursos pesqueiros explorados são a principal fonte de alimento e renda. Convém ressaltar a importância de estuários e manguezais como um habitat necessário para a manutenção de diversas espécies, que encontram nestes locais o ambiente favorável para reprodução, nidificação e desenvolvimento; sendo assim, é extremamente necessário que o uso das espécies associadas a estes ecossistemas seja realizado dentro dos princípios da sustentabilidade.

Estudos adicionais acerca da exploração dos recursos são imprescindíveis para que práticas de manejo e ações conservacionistas (e.g., avaliação das áreas e monitoramento, além da criação de áreas de proteção ambiental) adequadas sejam aplicadas de forma coerente, visando manter a diversidade biológica e o desenvolvimento cultural local desta área. Contudo, no desenvolvimento e aplicação dessas ações, o conhecimento tradicional sobre o uso de recursos naturais deve ser considerado, pois, este conhecimento desenvolvido por povos tradicionais, como o de pescadores artesanais, serve como fonte de informação a respeito do status atual dos recursos, da dinâmica dos ecossistemas e das características ambientais locais, produzindo informações teórico-práticas sobre como manejar, conservar e utilizar os recursos naturais de maneira mais sustentável.

Agradecimentos

Os autores agradecem a os moradores das comunidades onde este estudo foi desenvolvido, à APA do Rio Mamanguape e à Fundação Peixe-boi marinho, vinculado ao Centro de Mamíferos Aquáticos do IBAMA, pelo apoio logístico, e à Carmen Alonso Samiguel, pela tradução do resumo para língua espanhola.

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