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Utopìa y Praxis Latinoamericana

versión impresa ISSN 1315-5216

Utopìa y Praxis Latinoamericana v.15 n.50 Maracaibo sep. 2010

 

Jovens urbanos, cultura e novas práticas políticas: Acontecimentos estético-culturais e produção acadêmica brasileira (1960-2000) 

Urban youth, culture and new political practices: Aesthetic-cultural events in brazilian academic production (1960-2000) 

 Silvia Helena Simões Borelli y Rita De Cássia Alves Oliveira 

PUC-SP, Brasil

RESUMEN

Se analizan algunas de las trayectorias de configuración de nuevas prácticas políticas juveniles en Brasil y considerar los acontecimientos estético-culturales como lugares posibles de constitución de acciones políticas en la contemporaneidad. A partir de un recorte histórico –marcos y acontecimientos relacionados a las décadas de 1960 a 2000– este texto privilegia dos ejes analíticos para la fundamentación de los objetivos propuestos: 1) acontecimientos estético-culturales; 2) campo teórico (marcos de la producción académica sobre jóvenes y juventudes). Se privilegia, desde el punto de vista teórico, la noción de “acontecimiento” y, metodológicamente, con la investigación etnográfica, se procede a analizar los datos recolectados y a una evaluación de tendencias, a la vez, generales y singulares sobre las temáticas involucradas.

Palabras clave: jóvenes urbanos, cultura; nuevas prácticas políticas, estética, producción académica. 

ABSTRACT

This study analyzes some of the configuration for new political practices among youth in Brazil and considers aesthetic-cultural events as possible places for constituting political actions in the contemporary world. Based on a historical clipping – frameworks and events from the 1960s to 2000 – this article prioritizes two analytical axes: 1) aesthetic-cultural events; 2) theoretical fields (academic production frameworks about young people and youth). Theoretically, the notion of “events” stands out; and methodologically, with ethnographic research, the study proceeds to analyze collected data and valuate trends, both general and specific, regarding the issues involved.

Key words: urban youth, culture, new political practices, aesthetics, academic production. 

Recibido: 13-04-2010  ·  Aceptado: 22-07-2010 

APRESENTAÇãO

A reflexão aqui proposta insere-se em investigação mais ampla que objetiva analisar novas práticas políticas juvenis na cidade de São Paulo1. Fundada em uma demarcação histórica (1960-2000), privilegia, entre outras, a noção de acontecimento: 

[...] o acontecimento é o que pertence por natureza a uma das categorias bem claramente delimitadas pela razão histórica – o político, o social, o científico, o literário, o internacional, o nacional, o local etc. – e, portanto, aquilo que está inscrito em alguma das rubricas do diário; o sucesso seria o contrário: o inclassificável desde o ponto de vista da história, aquilo que o azar, a casualidade se confunde com a causalidade2

Esta etapa da investigação organizou-se ao redor de dois eixos metodológicos cujos mapeamentos, paralelos e articulados, foram fundamentados em perspectiva histórica: acontecimentos estético-culturais – cartografia dos marcos culturais protagonizados por jovens ou que tenham impactado na juventude – e campo teórico-metodológico – mapeamento dos marcos da produção acadêmica sobre juventude no Brasil nas referidas décadas. 

MARCOS ESTÉTICOS E CULTURAIS: A VIDA JUVENIL ENTRE 1960 E 2000 

A investigação brasileira desenvolveu um eixo conceitual e metodológico que mapeou os principais acontecimentos e marcos estéticos e culturais que tenham envolvido a presença e o protagonismo juvenil por um lado e, por outro, a ressonância que tenham tido sobre os jovens e as culturas juvenis3. Partiu-se da concepção de cultura como prática cotidiana e experiência vivida4 que envolve a produção e o consumo de bens culturais5; esta definição engloba a dimensão sensível que articula a apreensão e a representação dessas experiências cotidianas6 e, dessa forma, ressaltou-se a importância da cultura e da estética nas práticas políticas e na construção da cidadania juvenil7. Estes aspectos são centrais para o entendimento do jovem contemporâneo e dos processos de constituição do protagonismo das culturas juvenis do ponto de vista da produção e apropriação culturais, das transformações políticas e sociais que se atrelam aos jovens por meio da música, teatro, cinema, literatura, arte urbana, usos do corpo e modas. 

Tomando por base os princípios investigativos e as decorrentes recomendações derivadas da pesquisa realizada pelos institutos IBASE/PÓLIS8, buscou-se nesta cartografía considerar os novos cenários de constituição da cidadania, da participação política e a presença de variadas redes de sociabilidade juvenis engendradas pelas práticas cotidianas, pelos modos de ser e de viver dos jovens em grandes centros urbanos, por suas produções estéticas e culturais. 

Os resultados desse mapeamento apontaram que as décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pelas mobilizações estudantis que envolviam os jovens em passeatas, partidos políticos e organizações clandestinas. O enfrentamento da polícia e do governo militar fez inúmeras vítimas que desapareceram e morreram em plena juventude que aflorava repleta de inconformismo e rebeldia. Estas mobilizações políticas e estudantis atrelaram-se de forma marcante campo cultural: o Centro Popular de Cultura (CPC) investiu no desenvolvimento da produção artística de ação política de esquerda; o Cinema Novo repercutiu de maneira contundente nos jovens engajados na política trazendo uma nova linguagem cinematográfica associada à novos e transgressores conteúdos; o Tropicalismo envolveu a juventude brasileira numa inovadora e original esfera musical e artística, re-introduzindo a reflexão sobre o caráter da cultura brasileira; a Jovem Guarda, vinculada à televisão, representou a versão nacional da energia rebelde do rock and roll, introduzindo no Brasil a cultura pop e criando os primeiros ídolos jovens do país; os festivais de música, também associados às emissoras de TV, mobilizavam a juventude dos anos sessenta de forma barulhenta e conflituosa; a sonoridade das guitarras, encarada como elemento estrangeiro, causava polêmica e passaram a compor o debate político da época. Na década de 70 a diversidade marcou a sensibilidade musical juvenil: ao lado da música popular brasileira de inclinações hippie, a Onda Disco envolveu parte considerável da juventude dos grandes centros urbanos marcada por excentricidades, excessos na moda e a emergência do consumo de cocaína, cara e considerada chique9; na periferia do Rio de Janeiro a música black começava a abarcar milhares de jovens, em sua maioria, negros e pobres, com o funk e soul music. As modificações comportamentais envolveram os corpos: a chegada da pílula anticoncepcional acompanhou as mudanças na sexualidade, que passou a ser vivida de um modo intenso e inusitado. As mulheres, em especial as jovens, revisaram tabus como a virgindade. Pudores começavam a ser questionados. A moda trazia novos ares àquela juventude: jeans e camiseta, antes restritos aos hippies, apontavam estilos de vida mais livres e menos opressores; ligavam-se ao culto ao corpo, à busca da sensualidade mais espontânea e à postura de crítica em relação à ostentação capitalista; as minissaias e os biquínis reforçaram o processo de emancipação feminina, liberdade e autonomia. As modificações comportamentais dos anos setenta têm um ícone, Leila Diniz; estrela do cinema nacional e da TV, tornou-se símbolo da emancipação feminina e da liberação dos costumes: frente ao conservadorismo e ao controle imposto pelos militares, a liberação sexual era uma forma de disputa simbólica para os jovens que não aderiram à luta armada ou ao movimento estudantil10. A camiseta refletia a moda unissex que emergia associada à ambigüidade sexual. Os hippies assumiram a preferência pela revolução comportamental à política por meio de suas roupas, adereços e consumo de drogas associado à libertação da mente e à experimentação. 

Os anos oitenta viram a retração dos movimentos estudantis, entretanto os jovens foram às ruas no início da década fortalecendo a campanha popular a favor do voto direto para presidente da República; vestindo camisetas verde-amarelas - nas quais se lia “Eu quero votar para presidente” - milhares de jovens participaram de barulhentas passeatas. A abertura democrática proporcionava novas informações antes bloqueadas e com isso emergiu uma ação juvenil que se deslocou do ambiente universitário para a experiência cotidiana, agora transformada em instância de ação política e de transformação social11. Surgiram inúmeras figuras juvenis, uma verdadeira explosão das identidades juvenis globalizadas; estes gregarismos ancoravam-se fortemente nas dimensões estéticas que os constituíram, em especial as músicas, roupas e acessórios, produção dos corpos e cores. Os jovens das periferias ganharam visibilidade por meio de suas músicas: o movimento punk consolidou-se nas grandes cidades brasileiras composto, em sua maioria, por jovens que se sentiram atraídos pela agressividade dos sons, imagens, idéias e visual de rua dos grupos punks da Inglaterra; o rap fixou-se, no início, em São Paulo, com o Movimento Hip Hop Organizado12. Nas grandes metrópoles emergiu com força a cultura de rua protagonizada por jovens grafiteiros e pichadores 13

Nos anos noventa o movimento dos “caras-pintadas” ocupou as ruas para protestar contra a corrupção no governo; amplas mobilizações de caráter também juvenil dotadas de forte apelo estético marcaram a relação jovens-política naquela década. A música dos jovens das periferias continuou ampliando sua visibilidade: o rap consolidou o caminho para o retorno da música de protesto e nos subúrbios cariocas a black music ganhou cores locais com os polêmicos bailes funks. A música eletrônica (e o uso do sampler) invadiu a vida juvenil e diversificou-se em várias vertentes14. Os clubbers, apreciadores da música eletrônica, incorporaram um estilo próprio de se vestir, destacando-se pelos adereços bastante coloridos e pelo uso de piercings e tatuagens; o ecstasy, droga sintética, passou a acompanhar as longas raves. Na contramão desta tendência, surgiram os primeiros straight edge brasileiros15 que condenaram o uso de drogas e álcool visando manter o espírito crítico ao capitalismo e ao consumo; adotaram o vegetarianismo como crítica à exploração industrial e comercial dos animais. A década de noventa marcou também a explosão das intervenções corporais entre os jovens urbanos em especial com as tatuagens e piercings. 

Nos anos 2000 os encontros do Fórum Social Mundial mobilizaram milhares de jovens preocupados com as questões sociais mundiais; a marca destes encontros tem sido a heterogeneidade dos participantes: grupos socialistas e coletivos anarquistas, movimento gay e feminista, ecologistas de vários tipos, o movimento estudantil independente e grupos defensores de direitos humanos variados. O movimento estudantil universitário reapareceu na bem-sucedida invasão da reitoria da USP. A tecnologia passou a pautar a vida juvenil com forte ênfase na sociabilidade16, mas ampliou-se também o uso político da tecnologia: o emergente ciberativismo passou a organizar algumas ações juvenis, como por exemplo, as discussões sobre o uso do espaço urbano e as atividades colaborativas em prol de softwares abertos, internet livre e compartilhamento de arquivos gratuitos17. Esta década aponta, principalmente, a emergência, a consolidação e a visibilidade dos grupos juvenis nas periferias de São Paulo. Esta visibilidade ampliou-se, re-configurando o espaço social e cultural por meio da produção cultural desses jovens. Dois exemplos recorrentes refletem a importância da produção musical para visibilidade dos jovens e das culturas das periferias das grandes cidades brasileiras: os polêmicos bailes funks cariocas passaram a atrair também jovens de outras classes sociais e ganham legitimidade na imprensa e nos circuitos de diversão dos jovens universitários e de classe média. O rap extrapolou os limites das periferias e passou a ser um meio privilegiado de expressão e posicionamento juvenil diante da sociedade. Estes jovens ganham voz, reivindicam serem ouvidos, passam a ditar moda, viram referência para aqueles que vivem em regiões mais centrais da cidade. 

Os resultados desta cartografia reafirmaram a importância da dimensão estética como experiência coletiva e não apenas individual18. Este mapeamento apontou a pertinência de se pensar a cultura como dimensão privilegiada para a compreensão da política, afinal, ações culturais e políticas são esferas indissociáveis19. A compreensão da cultura como forma particular de vida e de conflito, onde as negociações e disputas pela constituição das hegemonias e as práticas simbólicas de resistência e de contestação estão presentes também nos aspectos da vida cotidiana revelou as maneiras como as classes sociais e grupos sempre recriam estas experiências coletivas - e não apenas as recebem e reproduzem. 

Verificamos a visibilidade da efervescência cultural protagonizada pelos jovens das periferias das grandes cidades; são formas de participação e intervenção sociais que envolvem pequenos estúdios, rádios comunitárias, produção de fanzines, graffiti, vídeos e saraus literários. Ficou evidente o caráter cultural da cidadania e participação juvenil; explicitou-se o caráter ativo e participativo desses sujeitos: estes jovens organizados em coletivos são produtores de cultura, de idéias, identidades, memórias e estéticas. 

O mapeamento apontou os aspectos emergentes presentes no cotidiano e nas culturas juvenis20; há um senso de movimento que estabelece uma nova conexão entre futuro e passado, aponta novos significados e valores, novas práticas, relações e tipos de relações que estão sendo continuamente criados. Por vezes alternativos, por vezes à margem da cultura oficial e da indústria cultural, esses cenários têm provocado alterações nas esferas da sensibilidade e da inserção juvenis na sociedade civil; a vida pública vem sofrendo mudanças substantivas, transformando, conseqüentemente, o processo de participação política. 

CAMPO TEÓRICO-METODOLÓGICO: ¿O QUE DIZ A PRODUÇã0 ACADÊMICA SOBRE JUVENTUDES, POLÍTICAS, CIDADES, ETNOGRAFIAS? 

Para analisar o campo teórico e as escolhas metodológicas da investigação sobre juventude optou-se por um protocolo metodológico que supôs uma varredura nos acervos das principais instituições de ensino e pesquisa, legitimadas como campos21 de pesquisa, produção e avaliação acadêmica no Brasil 22

A produção sobre juventude nos anos sessenta mostra-se conectada à militância estudantil e os jovens reconhecidos, questionados e/ou legitimados como um segmento de forte participação. Presentes e inseridos nas práticas políticas cotidianas foram, ainda, protagonistas de um leque variado de ações culturais que marcaram o período e o transformaram em referência emblemática para os acontecimentos políticos e sócio-culturais do país. Os jovens emergiram, nesta década, hegemonicamente referendados e inseridos na reflexão do campo acadêmico, como sujeitos ativos, contestadores das condições políticas, sociais, econômicas e culturais e foram concebidos como potenciais agentes políticos, em um processo de intervenção e transformação de uma sociedade em crise. Em um cenário anômico, seriam suscetíveis às contradições inerentes às mudanças, assim como os mais atingidos pelas incertezas, que tornaram também vulneráveis as instituições encarregadas de sua socialização, entre elas, a cidade, a família e a universidade. Trabalhos pioneiros como de Ianni, Foracchi e Poerner 23 reforçam esta perspectiva de compreensão e endossam a noção de uma juventude crítica e ativa, politicamente organizada nos movimentos estudantis. 

Já se pode observar, na produção acadêmica desta e das décadas posteriores, a crítica recorrente a um modelo de “sociedade moderna” proposto, desde o golpe militar de 1964, e consolidado nos sucessivos planos de modernização e desenvolvimento dos muitos anos de ditadura. Crítica a um modelo capitalista que priorizou a expansão das indústrias culturais e dos mercados de bens simbólicos, em especial nos campos das comunicações e telecomunicações, estratégicos para a sustentação deste padrão modernizante. Nota-se, ainda, que parte da produção acadêmica brasileira já dialogava com a tradição da “teoria crítica” e a denominada Escola de Frankfurt tornou-se referência significativa para a produção do conhecimento na época; e textos de Adorno, Horkheimer e Benjamin passaram a ser traduzidos por editoras que tiveram um importante papel nesta atmosfera de modernidade crítica e contestadora. 

Permanece na década seguinte (1970) a associação entre juventude, condição de estudante e práticas políticas, mas agora a juventude encontra-se correlacionada a outras temáticas, tais como urbanização, lazer e educação24. No campo da política, destaca-se a percepção de que a juventude estaria vivendo a apatia e a alienação; e que depois de anos de efervescência participativa tenha se instalado certo vazio político e cultural expresso na carência de participação, nos obstáculos para a proposição de projetos de intervenção, nas dificuldades em projetar o futuro, todos marcos imprescindíveis na cadeia de acontecimentos da década anterior25

Um dos trabalhos responsáveis por este redirecionamento da análise é de Martins26 que analisa o esvaziamento dos movimentos estudantis diante da truculência do regime militar; assinala para a necessária reflexão sobre as articulações entre autoritarismo e alienação e para as transições históricas entre “a ideologia e a cultura autoritária” e a contracultura, esta última assumida como forma de rejeição ao autoritarismo. 

A fragmentação temática e conceitual da produção acadêmica sobre juventude, instaurada a partir dos anos oitenta, pode ser resumida pela busca obsessiva de uma resposta sobre a participação política dos jovens, ou melhor, sobre as razões de sua ausência. Historicamente, os movimentos contraculturais e o Estado autoritário apareceram como responsáveis pelo afastamento dos jovens da política e pela fragmentação da juventude em agrupamentos juvenis: grupos, bandos, tribos, culturas e subculturas, coletivos. A produção acadêmica revela um deslocamento dos jovens dos espaços mais institucionalizados de ações políticas, para formas de subjetivações e aderência às micropolíticas do cotidiano, entre elas um eixo voltado para a inserção dos jovens nos grandes centros urbanos. 

Em um registro singular de referências destaca-se a temática da consciência crítica, em investigações como a de Paoli27, que atribui à decadência dos movimentos estudantis uma recusa às formas tradicionais de representação e de participação política. Nota-se aqui uma abordagem precursora da emergência de novas práticas políticas, coletivas ou não; na perspectiva de Paoli, a ação juvenil deslocava-se do ambiente universitário para as experiências cotidianas das ruas e das cidades e a vida cotidiana inseria-se no debate acadêmico como lugar da ação política e como alternativa de transformação social. No mesmo sentido, Motta28 analisa a hipótese de que o desinteresse da juventude pelo sistema possa ser reputado como ação consciente e política, como crítica social e não como manifestação de alienação juvenil; considera, ainda, o deslocamento da ação política em direção às intervenções próximas a suas vidas cotidianas, uma forma de expressão. 

Na esteira desta fragmentação destacam-se dois trabalhos pioneiros que, de certa forma, repõem o sentido da resistência e inserta os coletivos juvenis no contexto das metrópoles: Bivar e Caiafa29. No primeiro, a “explosão da fúria” atribuída ao desencantamento dos jovens com as esferas econômicas e política e a avaliação de que suas atitudes provocantes resultariam de uma profunda desordem social e comportamental. Para Caiafa, os punks na cidade do Rio de Janeiro, permitiram um interessante recorte de cunho mais cultural e o diagnóstico sobre a então recente emergência dos “bandos” de jovens urbanos e suas relações com “fortes” sonoridades e particulares ornamentos assumidos com o propósito de chocar e confrontar. 

Aqui se esboça um marco inicial do descentramento da perspectiva teórico-conceitual sobre juventude; um movimento que indica a necessidade de que sejam repensados os sentidos atribuídos às práticas políticas e que se reconsidere, em novos patamares, as articulações entre a política e a cultura, o político e o cultural. É possível supor a existência de ressonâncias, no campo intelectual brasileiro do período, tanto da reflexão de Gramsci, assim como dos estudos culturais ingleses que começaram a ganhar legitimidade e a permitir o estabelecimento do diálogo com os pressupostos do marxismo cultural britânico e dos intelectuais da New Left. 

Para além da resistência, as inúmeras alternativas de atuação do segmento juvenil mesclam modos de ser e de viver “a” e “nas” cidades, lazer e diversão, afirmação de identidade e formas de expressão; e é na emergência de grupos juvenis como punks, metaleiros, rappers, darks, rastafáris, funkeiros, office-boys30, entre outros, que os investigadores focam suas análises e buscam elucidar as multifacetadas opções de participação juvenil. 

Comportamentos e estilos juvenis, tidos como contestadores, marcam as tendências das pesquisas acadêmicas nos anos noventa. Abramo31 é a responsável por investigações acerca dos novos agrupamentos, com foco na noção de “tribo” e em manifestações coletivas de caráter crítico e de intervenção nos espaços públicos das ruas e das cidades. Costa32 analisa os skinheads, procurando qualificar o sentido das contestações, aliadas à constituição de identidades coletivas e, em especial, à violência conectada à condição da vivência grupal na metrópole. Observa-se, entretanto, que os significados atribuídos à crítica e à contestação neste período, não são os mesmos imputados aos jovens dos anos sessenta. É importante frisar, neste contexto, a influência, entre outros, de Maffesoli33 – que entra no Brasil no final da década de oitenta – e o diálogo assumido por alguns pesquisadores brasileiros com as noções de tribalismo, redes de sociabilidade, no contraponto a redes de socialidade. 

A década de noventa encontra-se marcada por um acontecimento: o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo e o movimento dos denominados “caras-pintadas” (1992) que, pela negação a um modelo de governabilidade, em especial às práticas de corrupção, ocuparam as ruas de cidades brasileiras ao som das músicas de protesto, originárias do repertório de contestação juvenil dos anos sessenta. Os “caras-pintadas” propiciaram a retomada, no campo da reflexão acadêmica, da clássica oposição entre juventude apática/alienada e jovens transformadores; permitiram, ainda, que alguns pesquisadores como Rodrigues e Mische34 contestassem a idéia da retomada do movimento estudantil: de um lado, por se tratar de um acontecimento vinculado a um estado particular do sistema político, num contexto de conjunturas fluídas, propiciadoras de mobilizações em massa nas grandes cidades, cujos atores sociais pertencem a diferentes extratos sociais, para além dos jovens urbanos; de outro, pela possibilidade da emergência de uma nova consciência de cidadania, base de constituição de novas identidades juvenis, para além da condição estudantil, hegemônica nas décadas anteriores. 

Observa-se na década de noventa uma intensa e diversificada produção acadêmica relacionada à temática juvenil, que busca abordar as formas de atuação dos jovens refinando e particularizando uma multiplicidade de recortes. Reaparece a preocupação com a resistência juvenil e a valorização das micropolíticas urbanas, neste cotidiano multifacetado, contribuindo para a emergência de uma concepção de juventudes no plural. É importante destacar o papel das etnografias efetivadas com coletivos juvenis urbanos, preocupadas em delimitar os lugares ocupados pelos jovens nas grandes cidades, na cultura e na sociedade e suas formas de participação política e cultural. Nota-se, ainda, que boa parte do campo da produção acadêmica sobre juventude nos anos 1990 encontra-se hegemonicamente centrado na problematização e análise das políticas públicas voltadas para a juventude e da relação entre jovens, projetos educacionais e mundo do trabalho35

Nos anos 2000 a cultura hip hop merece destaque por combinar manifestações artísticas e culturais com forte caráter contestatório e por atrair a atenção de vários pesquisadores36 que buscam compreender o movimento sob diversos olhares e perspectivas. O hip hop aparece aliado, entre outras alternativas, às culturas urbanas, à questão educacional, às identidades, ao desemprego, à emergência de uma nova ordem social e política, ao protesto político, as subjetividades, as inserções/exclusões sociais e as novas formas de ação política, mescladas às ações culturais. Novaes37, pesquisadora no campo das juventudes e políticas públicas, considera o hip hop uma forma de expressão cultural que atua na interface com as esferas políticas e que perpassa as relações com a cidade, o mercado, os gêneros, a questão racial, entre outras mediações. 

Na emergência de novas redes sociais os jovens revelam-se como protagonistas ao atuarem por meio de projetos estético-culturais e ações coletivas inseridas em micropolíticas cotidianas, em especial as inseridas nas tramas urbanas; o caráter difuso, localizado e de curta abrangência desta participação dificulta a identificação de narrativas mais homogêneas e possibilita a emergência de jovens polifonias contemporâneas. Alguns pesquisadores38 objetivam compreender o sentido dessas redes que, com propostas experimentais e alternativas, elaboram resignificações dos espaços e tempos vividos. Neste contexto, a reflexão sobre o sentido do público e das formas de apropriação pelos coletivos juvenis dos espaços das metrópoles aponta para alternativas em que o fazer cultural e político se encontra articulado. 

Jovens contemporâneos em fluxo, nas cidades e nas relações com as novas mídias, tornam-se sujeitos da reflexão acadêmica nesta década. Investigadores39 buscam compreender como a esfera do consumo é imperiosa na formação de teias sociais, hábitos e modos de ser e de viver; e de como as formas de lazer são fundamentais na conformação das subjetividades e dos coletivos juvenis. As dimensões simbólicas experimentadas nas práticas de consumo e lazer nas tramas urbanas migram para contextos virtualizados/digitalizados passando por reapropriações e resignificações; novas formas de comunicação, novas mídias e tecnologias transformam-se em elementos de mediação nas redes de sociabilidades juvenis e um, entre outros, dos pilares de estruturação das identidades individuais e coletivas. 

Violência e a criminalidade também emergem, de forma diversificada, vinculadas à condição juvenil no contexto urbano, em especial no debate em torno das cidades e das políticas públicas: prevenção e inclusão, privação ou liberdade vigiada, enfrentamento das situações de risco e vulnerabilidade resultam, muitas vezes numa cisão entre os planos ideais e a implementação de práticas que esbarram nos limites burocrático-administrativos40

CONSIDERAÇõES FINAIS: CONCLUSõES DESTA ETAPA DA PESQUISA 

Nos últimos anos tem crescido o debate em torno da necessidade de se pensar a participação em termos de um novo paradigma41. A ampla pesquisa sobre democracia e participação juvenil realizada pelos institutos IBASE e POLIS (2005) constatou que os jovens metropolitanos desejam participar, porém as formas de participação relacionadas ao Estado e a sociedade civil são percebidas como muito distantes da realidade cotidiana dos jovens investigados; os jovens não se reconhecem na participação em partidos políticos e sindicatos. Constatou ainda a importância do associativismo juvenil em grupos culturais, artísticos e esportivos que ocupam espaços públicos; no exercício das relações entre os mundos privados e os públicos, estimula-se a constituição de hábitos culturais participativos e democráticos. 

No momento em que os partidos políticos já não conseguem mais organizar e dar um sentido único às disputas sociais verifica-se que as formas de intervenção e de atuação política desses jovens da virada do milênio expressam sua indignação com a apropriação dos territórios, dos corpos e com a constituição de pequenos grupos de afinidades artísticas, culturais ou ideológicas. Estes grupos organizam-se por meio de temáticas comuns que articulam os encontros e as produções coletivas. Ao invés da atuação política convencional e institucionalizada, esses jovens apontam para uma prática política mais pulverizada, atomizada e transitória. A performance, a instantaneidade e a efemeridade marcam as ações coletivas e a durabilidade das suas produções culturais. Essa forma de atuação apresenta esses jovens como sujeitos potentes dotados de poder transformador da cultura. Eles são agentes, sujeitos; são consumidores/receptores de imagens e idéias que também produzem sentidos, estéticas, formas e conteúdos. Muitos se apresentam em coletivos que se constituem para além da participação tradicional; é uma forma de organização que abarca também os nexos afetivos e estéticos, o reconhecimento intersubjetivo e consciência da individualidade: é o encontro e a produção com o outro que articula as ações, as idéias políticas e as perspectivas de futuro. 

A partir daí a etapa posterior da pesquisa passou a considerar as ações culturais juvenis como lócus privilegiado de ação política na contemporaneidade; buscamos as ações culturais capitaneadas por grupos e coletivos juvenis com perfis auto-organizativos, auto-gestionários e extra-institucionais; preocupam-nos as ações de efeito multiplicador que disparem processos de vinculação, conexões, de intercâmbios, de trocas entre indivíduos e grupos e que estimulem a partilha de modos de ser, visões de mundo, estilos de vida e referenciais estéticos, comportamentais, políticos, etc. Nesse sentido, reafirma-se uma compreensão da cidadania como estruturada e estruturante por práticas de apropriação que os jovens fazem da cidade e dos corpos. 

Esta investigação tem considerado a presença de variadas redes de sociabilidade juvenis engendradas pelas práticas cotidianas, relações com as novas tecnologias, modos de ser e de viver em grandes centros urbanos e, em especial, por suas produções estéticas e culturais, por vezes alternativas, por vezes à margem da cultura oficial e da indústria cultural. Essa trajetória histórica salientou a forte relação entre a dimensão sensível e cultural do cotidiano juvenil e suas formas de participação social e política. Corpos, roupas, cabelos, sonoridades, narrativas, drogas, sexualidades, identidades e tecnologias formam as estruturas e os canais de inserção juvenil nas cenas de discussão sobre os espaços urbanos, o consumo, o empoderamento do próprio corpo, a diversidade cultural, as intolerâncias, a vida nas periferias, o acesso e os usos das tecnologias. Estas inserções, por vezes, aparecem como retrocesso em favor do individualismo, consumismo e hedonismo e, por vezes, deixam vislumbrar novas brechas de participação e cidadania neste complexo contexto metropolitano brasileiro. 

Os resultados desta etapa da pesquisa apontaram a emergência dos coletivos juvenis como forma visível e organizada de ação cultural, artística e politica42. É notável a recriação da experiência coletiva por meio do graffiti, da musica, da dança, do cinema e da literatura e a poesia marginais produzidas nas periferias de São Paulo; nos últimos anos assistimos, por exemplo, a emergência dos saraus realizados por jovens de São Paulo, geralmente em bairros de muita violência e exclusão sociais. 

Dois importantes eventos semanalmente mobilizam moradores, especialmente os jovens43, na zona sul da cidade, transformando-se em referência para a movimentação dos jovens das periferias de São Paulo: o Cooperifa e o Sarau do Binho. O primeiro era inicialmente apenas um evento de poesia realizado no bar do Zé Batidão44, mas transformou-se numa ampla movimentação organizada de grupos e coletivos artísticos juvenis que produzem eventos e atividades com muita visibilidade não só naquela periferia, mas em toda a cidade. Na mesma região, também semanalmente, mas noutro bar, realiza-se o Sarau do Binho45; atrai público extremamente participante e de todos os tipos, mas especialmente jovens que ali expõem suas produções culturais, apreciam as dos demais, discutem as questões relativas a vida na periferia e no bairro. Eventos como estes geraram na região um grande movimento para a organização da Semana de Arte Moderna da Periferia46 com seu Manifesto da Antropofagia Periférica que clama por arte e cultura na periferia e afirma o poder criativo e transformador de seus habitantes. Estas ações de cunho fortemente cultural e estético tem impactado positivamente naquela juventude, alterando a geografia cultural da cidade: jovens de bairros centrais passaram a freqüentar a periferia, invertendo o sentido do fluxo em busca de diversão e arte; os bairros periféricos e anteriormente estigmatizados por conta da violência extrema passaram a receber jovens de outras regiões e a mídia. 

Estes sujeitos não desejam mudar de suas regiões, mas querem transformá-las em locais de identidade, pertencimento e história construída na luta diária em prol da periferia e seus habitantes: “eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros. (...) A Periferia unida, no centro de todas as coisas. (...) Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor”47

Notas

1 Grupo de Trabalho CLACSO (Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales) Juventud y nuevas prácticas políticas en América Latina (2007-2010) e Departamento de Antropologia/Programa de Estudo Pós-graduados em Ciências Sociais (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUCSP, São Paulo, Brasil). 

2 MARTÍN-BARBERO, J (2004). Ofício de cartógrafo. Travessias latino-americanas da comunicação na cultura. Loyola, São Paulo, p. 85. 

3 Baseada uma perspectiva histórica, a metodologia de constituição dessa cartografia partiu da busca pela recuperação das experiências cotidianas, das práticas juvenis e da voz dos jovens no contexto político brasileiro a partir de levantamento e análise da bibliografia e outras fontes como filmes documentários, reportagens, obras de ficção literária, sites e acervos museológicos. 

4 WILLIAMS, R (1992). Cultura. Paz e Terra, Rio de Janeiro. 

5 CERTEAU, M (1994). A invenção do cotidiano: artes de fazer. Vozes, Petrópolis; GARCÍA CANCLINI, N (1995). Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. UFRJ, Rio de Janeiro. 

6 MARTÍN-BARBERO, J & REY, G (2001). Os exercícios do ver: hegemonia audiovisual e ficção televisiva. Senac, São Paulo. 

7 REGUILLO, R (2003). “Ciudadanías juveniles en América Latina”, Última Década. Chile, Viña del Mar. 

8 IBASE/PÓLIS (2005). Juventude brasileira e democracia: participação esferas e políticas públicas – relatório final. Novembro. 

9 CARMO, PS (2003). Culturas da rebeldia: a juventude em questão. Senac, São Paulo. 

10 DIAS, L (2004). Anos 70: enquanto corria a barca. Senac, São Paulo. 

11 PAOLI, MC (1985). “Dossiê Movimento Estudantil Hoje”, Desvios. Vozes, Petrópolis

12 No Brasil o rap aos poucos adquiriu as cores locais, incorporando versos e rimas em português e a percussão com latas. 

13 OLIVEIRA, R de CA (2007). “Lendo a metrópole comunicacional: culturas juvenis, estéticas e práticas políticas”, Revista Diálogos de la Comunicación. no 75. <http://www.dialogosfelafacs.net/75/articulo_resultado.php?v_idcodigo=49&v_idclase=10>.  

14 Este gênero encontrou os tambores regionais no movimento Mangue Beat, expressão musical e comportamental de jovens de Pernambuco que rapidamente expandiu-se pelo país. 

15 Descendentes do hardcore americano, seus preceitos e práticas estruturam-se a partir da música com batidas pesadas articuladas às práticas ancoradas nas suas questões ideológicas. 

16 As lans houses tornaram-se pontos de encontro entre jovens, possibilitando a interação e a sociabilidade; o computador e o telefone celular ocuparam posição central do universo juvenil; a internet permitiu o entretenimento interativo por meio dos videogames e programas de conversa on line, sites de relacionamento, plataformas de compartilhamento de arquivos de músicas e vídeos; os blogs e fotologs, ferramentas fundamentais na construção da individualidade, garantiram a visibilidade das ações e sentimentos juvenis, a divulgação das suas produções culturais e expansão das redes de contato. 

17 LEÃO, L (2004). Derivas: cartografias do ciberespaço. Annablume, São Paulo. 

18 BAKHTIN, M (1987). A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. HUCITEC/Universidade de Brasília, São Paulo/Brasília. 

19 GRAMSCI, A (1986). Literatura e vida nacional. Civilização Brasileira, São Paulo; WILLIAMS, R (1992). Cultura. Paz e Terra, Rio de Janeiro. 

20 WILLIAMS, R (1992). Op. cit. 

21 BOURDIEU, P (1988). La distinción. Taurus, Madrid. 

22 Banco de Dados Bibliográficos USP (DEDALUS): http://www.usp.br/sibi/biblioteca/frame.htm; Biblioteca Brasileira de Teses e Dissertações: http://bdtd2.ibict.br; Bibliotecas PUCSP: http://biblio.pucsp.br; Biblioteca Digital UFSC (Rede Pergamum): http://aspro02.npd.ufsc.br/pergamum/biblioteca/index.php?resolution2=1024_1; Biblioteca Digital de Teses e Dissertações UFMG: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br; Biblioteca Digital de Teses e Dissertações UFRJ (Sistema Minerva): http://www.minerva.ufrj.br; Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior): http://www.capes.gov.br/servicos/bancoteses.html; Catálogo Bibliográfico IEB: www.ieb.usp.br; Cathedra (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações. Unesp): http://unesp.br/cgb/int_conteudo_imgcentro.php?conteudo=562;   Editora Fundação Perseu Abramo: http://www.efpa.com.br; Google Acadêmico: http://scholar.google.com.br/schhp?hl=pt-BR; Reposcom (Repositório Institucional Intercom e Portcom): http://reposcom.portcom.intercom.org.br; Revista Científica Eletrônica: http://www.scielo.br;  Sistema de Bibliotecas UNICAMP (SBU): http://www.unicamp.br/bc/.  

23 IANNI, O (2963). “O jovem radical”, In: Industrialização e desenvolvimento social no Brasil. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro; FORACCHI, M (1964). O estudante e a transformação da sociedade brasileira. Companhia Editora Nacional, São Paulo & POERNER, A (1968). O poder jovem: história da participação política dos estudantes brasileiros. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro. 

24 GOUVEA, GP (1971). O comportamento do estudante: um estudo do radicalismo e do conformismo. Tese de Mestrado, USP, São Paulo; ORSINI, MS (1977). Juventude paulista: suas atitudes e sua imagem, estudo sobre a representação social da juventude. Tese de Doutorado, USP, São Paulo; AZEVEDO, A (1978). Lazer para Universitários? Tese de Doutorado, PUCRJ, Rio de Janeiro; WHITAKER, D (1979). O vestibulando e a cultura legítima – análise do estudante brasileiro dentro do processo de urbanização, Tese de Mestrado, USP, São Paulo. 

25 Este debate, sobre as características desta década, encontra ressonâncias nos anos posteriores e pode ser consultado, entre outras referências, em RISERIO, A et al (2005). Anos 70: trajetórias. Iluminuras, São Paulo. 

26 MARTINS, L (1979). A ‘Geração AI-5’: um ensaio sobre autoritarismo e alienação. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro. 

27 PAOLI, MC (1985). Op. cit. 

28 MOTA, G (1986). “Jovem te quero jovem”, Humanidades. Universidade de Brasília, Brasília. 

29 BIVAR, A (1982). O que é punk. Brasiliense, São Paulo; CAIAFA, J (1985). Movimento punk na cidade: a invasão dos bandos. Zahar, Rio de Janeiro. 

30 BORELLI, SHS & RAMOS, JMO (1985). “Os office-boys e a metrópole: lutas, luzes e desejos”, Desvios. Paz e Terra, Rio de Janeiro. 

31 ABRAMO, H (1992). Grupos juvenis dos anos 80 em São Paulo: um estilo de atuação social. Tese de Mestrado, USP, São Paulo; ABRAMO, H (1994). Cenas Juvenis: punks e darks no espetáculo urbano. Scritta/Anpocs, São Paulo. 

32 COSTA, MR (1993). Os Carecas do subúrbio: caminhos de um nomadismo moderno. Vozes, Petrópolis. 

33 MAFFESOLI, M (1987): O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa. Forense-Universitária, Rio de Janeiro. 

34 RODRIGUES, A (1993). “Estudantes na política, em tempos de mobilização e crise”, Revista São Paulo em Perspectiva. São Paulo Vol. 7, nº.1; MISCHE, A (1997). “De estudantes a cidadãos: redes de jovens e participação política”, In: ANPED, Vol V/VI, maio-dezembro, São Paulo. 

35 A análise da produção acadêmica sobre jovens, educação e mundo do trabalho (cuja temática foge aos objetivos deste testo) encontra-se em artigo já aprovado para constar do livro (no prelo, 2010) com os resultados da primeira etapa dos trabalhos de investigação do grupo CLACSO Juventud y nuevas prácticas políticas en America Latina

36 MORENO, R (2000). As mutações da experiência militante: um estudo a partir do movimento hip hop de Campinas. Dissertação de Mestrado, São Paulo; LIMA, DJ (2003). Só sangue bom: construção de saberes e resistência cultural como expressões do protagonismo juvenil. Dissertação de Mestrado, Rio Grande do Sul; GUIMARÃES, V (2003). Meninas do graffiti: educação, adolescência, identidade e gênero nas culturas juvenis contemporâneas. Tese de Doutorado, Campinas; ALVES, A (2005). Cartografias culturais na periferia de Caruaru: Hip hop, construindo campos de luta pela cidadania. Dissertação de Mestrado, Recife; LODI, CA (2005). Manifestações Culturais Juvenis: O Hip Hop está com a palavra. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro; STOPPA, E (2005). Tá ligado mano: o hip hop como lazer e resgate da cidadania. Tese de Doutorado, Campinas; FERREIRA, TM (2005). Hip Hop e educação: mesma linguagem, múltiplas falas. Dissertação de Mestrado, Campinas; LIMA, M (2006). A atual crise social e os jovens da Região Metropolitana de São Paulo: desemprego, violência e Hip Hop. Dissertação de Mestrado, Campinas; ADÃO, SR (2006). Movimento hip hop: a visibilidade do adolescente negro no espaço escolar. Dissertação de Mestrado, Santa Catarina. 

37 NOVAES, R (2002). “Hip Hop: o que há de novo?”, In: BUARQUE, C (2002). Perspectivas de gênero: debates e questões para as ONG’s. Plataforma Novib/SOS Corpo Gênero e Cidadania. 

38 ABRAMO, H; FREITAS, V & SPOSITO, M (2000). Juventude em Debate. Cortez, São Paulo; NOVAES, R; PORTO, M & HENRIQUES, R (2002). Juventude, Cultura e cidadania. ISER, Rio de Janeiro; MACHADO, N (2003). Do matadouro ao nascedouro: a criação de novos espaços de participação juvenil. Dissertação de Mestrado, Recife; ZANIOL, E (2005). Oficinando com jovens: a produção de autoria na restinga. Dissertação de Mestrado, Rio Grande do Sul; BORELLI, S, ROCHA, RLM (2004). “Urbanas juvenilidades: modos de ser e de viver na cidade de São Paulo”, Margem: Tramas urbanas. São Paulo: EDUC/CNPq. nº20; BORELLI, S & ROCHA, RLM (2008). “Juventudes, midiatizações e nomadismos: a cidade como arena”, Comunicação, mídia e consumo. ESPM, nº5, São Paulo; OLIVEIRA, R de CA; ALMEIDA, A & ALENCAR, M (2006). “Metrópole e culturas juvenis: estéticas e formas de expressão” Trabalho apresentado no XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (INTERCOM); DAL, F (2007). Redes sociais e micropolíticas da juventude. Tese de Doutorado, Rio Grande do Sul; OLIVEIRA, R de CA (2007). “Lendo a metrópole comunicacional: culturas juvenis, estéticas e práticas políticas”, Revista Diálogos de la comunicación. no 75 <http://www.dialogosfelafacs.net/75/ articulo_resultado.php?v_idcodigo=49&v_idclase=10>; BORELLI, S & FREIRE FILHO, J (2008). Culturas juvenis no século XXI. Educ, São Paulo; ANSCHAU, Q (2008). A ocupação coletiva de espaços públicos por jovens de Blumenau. Dissertação de Mestrado, Florianópolis; BORELLI, S; ROCHA, RLM & OLIVEIRA, R de CA (2009). Jovens na cena metropolitana: percepções, narrativas e modos de comunicação. Paulinas, São Paulo. 

39 FELIX, F (2003). Juventude e estilo de vida: cultura de consumo, lazer e mídia. Dissertação de Mestrado, Campinas; SCALCO, L (2008). Fala k é nóis: etnografia de um projeto de inclusão digital entre jovens de classes populares em Porto Alegre. Dissertação de Mestrado, Rio Grande do Sul; ROSATELLI, LA (2007). Ateliê de vídeo digital e cultura juvenil: aprendizagem e socialização de jovens urbanos de segmentos populares. Dissertação de Mestrado, São Paulo. 

40 ALMEIDA, M (2002). Compreendendo as estratégias de sobrevivência de jovens antes e depois da internação na FEBEM de Ribeirão Preto. Dissertação de Mestrado, São Paulo; CARVALHO, GC (2004). A Corda Bamba: violência juvenil e políticas públicas. Dissertação de Mestrado, Santa Catarina. 

41 SERNA, L (1997). “Globalización y participación juvenil”, Jóvenes: revista de estudios sobre juventud. Año 5, México. 

42 Durante 2008 a pesquisa voltou-se para a elaboração de um “banco de grupos” que se organizam para atividades de cunho cultural. São dezenas de grupos que promovem ações de vários tipos (graffiti, música, poesia, cinema, etc.) nas periferias ou nas regiões centrais da cidade de São Paulo. Na etapa atual o trabalho de campo está voltado para a etnografia realizada durante as ações desses grupos. 

43 Ver vídeo sobre os dois saraus em http://www.youtube.com/watch?v=a9s3R8Wnf7s.

44 Ver vídeo realizado no Sarau do Cooperifa em http://videolog.uol.com.br/video.php?id=293699 

45 Cf. http://colecionadordepedras.blogspot.com/

46 Cf. http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/11/402589.shtml

47 Cf. http://colecionadordepedras.blogspot.com/2007/10/manifesto-da-antropofagia-perifrica.html 

Bibliografías

1. LEÃO, L (2004). Derivas: cartografias do ciberespaço. Annablume, São Paulo.          [ Links ]

2. BAKHTIN, M (1987). A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. HUCITEC/Universidade de Brasília, São Paulo/Brasília.          [ Links ]

3. GRAMSCI, A (1986). Literatura e vida nacional. Civilização Brasileira, São Paulo.        [ Links ]

4. WILLIAMS, R (1992). Cultura. Paz e Terra, Rio de Janeiro.          [ Links ]

5. BOURDIEU, P (1988). La distinción. Taurus, Madrid.          [ Links ]