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Areté, Revista Digital del Doctorado en Educación

versión On-line ISSN 2443-4566

Areté vol.9 no.17 Caracas jun. 2023  Epub 28-Jul-2023

https://doi.org/10.55560/arete.2023.17.9.9 

Artículo de Investigación

ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM AMBIENTE ESCOLAR NO BRASIL PRÉ-PANDEMIA: DOCENTES COMO ALVO DAS AÇÕES

Food and Nutritional Education in School Environment in Brazil Pre-Pandemic: Teachers as Target of Actions

Educación Alimentaria y Nutricional en el Ambiente Escolar de Brasil Pre-Pandemia: Docentes como Público Objetivo de las Acciones

Yazareni José Mercadante Urquía*1 
http://orcid.org/0000-0001-9749-9036

Luciana Neri Nobre**2 
http://orcid.org/0000-0001-5709-7729

1Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Brasil. Email: yazareni.urquia@ufvjm.edu.br

2Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Brasil. Email: luciana.nobre@ufvjm.edu.br


Resumo

Introdução:

A Promoção da Alimentação Adequada e Saudável na infância pode favorecer a prevenção do excesso de peso e Doenças Crônicas Não Transmissíveis na vida adulta. Para isso, o espaço escolar e a atuação do professor são fundamentais.

Objetivo:

Identificar pesquisas desenvolvidas em ambiente escolar no Brasil, que tiveram docentes como alvo de ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN).

Método:

Revisão sistemática mista da literatura, norteada pela questão “Pesquisas desenvolvidas no Brasil, em ambiente escolar, têm docentes como alvo de ações em temas sobre alimentação ou EAN?”. Foram utilizadas quatro grandes bases de dados de buscas para artigos.

Resultados:

Foram selecionados 20 artigos publicados entre 2009 e 2019 que atingiram os critérios de inclusão. Observou-se pouca presença de atividades de EAN no ambiente escolar que possam ser mantidas a longo prazo e ausência de estudos sobre elaboração de material educativo para facilitar a abordagem da EAN de forma transversal e interdisciplinar nas escolas.

Conclusão:

Os achados da presente revisão evidenciam que é necessário que os docentes recebam formação em EAN para serem promotores da alimentação saudável, bem como acesso a materiais didáticos adequados para o trabalho desse tema nas escolas.

Palavras-chave: Educação Alimentar e Nutricional; Escolar; Professores Escolares; Escola

Resumen

Introducción:

La promoción de la alimentación adecuada y saludable en la infancia puede favorecer la prevención del exceso de peso y las enfermedades crónicas no transmisibles en la edad adulta. Para ello, el espacio escolar y la actuación docente son fundamentales.

Objetivo:

Identificar investigaciones desarrolladas en el ambiente escolar en Brasil, que tuvieron a los docentes como público objetivo de acciones de educación alimentaria y nutricional (EAN).

Métodos:

Revisión sistemática mixta de la literatura, guiada por la pregunta "¿Las investigaciones realizadas en el ambiente escolar en Brasil tienen a los docentes como público objetivo de acciones en temas de alimentación o EAN?". Se utilizaron cuatro grandes bases de datos para la búsqueda de artículos.

Resultados:

Se seleccionaron 20 artículos publicados entre 2009 y 2019 que cumplieron con los criterios de inclusión. Hubo poca presencia de actividades de EAN en el ámbito escolar que puedan mantenerse a largo plazo y ausencia de estudios sobre la elaboración de material educativo para facilitar el abordaje de la EAN de forma transversal e interdisciplinar en las escuelas.

Conclusión:

Los hallazgos de esta revisión evidencian que es necesario que los docentes reciban capacitación en EAN para ser promotores de una alimentación saludable, así como el acceso a materiales didácticos apropiados para trabajar este tema en las escuelas.

Palabras clave: Educación Alimentaria y Nutricional; Escolar; Docente de Escuela Primaria; Escuela

Abstract

Introduction:

The promotion of adequate and healthy eating in childhood can favor the prevention of overweight and chronic non-communicable diseases in adulthood. For this, the school space and the teacher's work are fundamental.

Objective:

To identify research developed in Brazil, in a school environment, which had teachers as the target of actions of food and nutrition education (FNE).

Method:

Mixed systematic review of the literature, guided by the question "Research carried out in Brazil, in a school environment, have teachers as the target of actions on themes about food or FNE?". Four large databases were used to search for articles.

Results:

20 articles published between 2009 and 2019 that met the inclusion criteria were selected. There was little presence of FNE activities in the school environment that can be maintained in the long term and absence of studies on the development of educational material to facilitate the approach of FNE in a transversal and interdisciplinary way in schools.

Conclusion:

The findings of the present review show that it is necessary for teachers to receive training in EAN in order to be promoters of healthy eating, as well as access to appropriate teaching materials for working on this topic in schools.

Key words: Food and Nutrition Education; Schoolchildren; Primary School Teachers; School

1. Introdução

A formação dos hábitos alimentares é influenciada por fatores de diferentes naturezas e os mesmos são integrados à personalidade, sobretudo nos primeiros anos de vida, período no qual as crianças são mais receptivas a receberem informações e incorporarem hábitos, consolidando-os até a idade adulta (Scaglioni et al., 2018).

Nesse sentido, a escola constitui um espaço privilegiado para a prática de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), visto que os escolares estão em processo de crescimento não apenas físico, mas também de formação de conceitos e valores, assim, no processo educativo podem ser promovidas melhorias nas escolhas e no comportamento dos indivíduos (Greenwood e Fonseca, 2016; Zompero et al., 2017). Além disso, os hábitos alimentares vão influenciar desde cedo o crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes e seu estado de saúde.

Estudos mostram que ações de EAN em escolas têm impacto positivo nos aspectos psicossociais e comportamentais dos escolares; elas impactam na melhora do consumo de alimentos considerados saudáveis (Prado et al., 2012), na prevenção e/ou redução do excesso de peso infantil (Magalhães e Cavalcante, 2019), especialmente quando os programas trabalham a inclusão no currículo escolar dos temas como alimentação saudável, atividade física e imagem corporal, bem como quando propiciam ambientes e práticas culturais que promovem o consumo de alimentos saudáveis (Waters et al., 2011).

Os programas de EAN no ambiente escolar têm também impacto positivo quando desenvolvem ações junto aos docentes, como por exemplo, cursos de formação em EAN para esse grupo (Da Silva et al., 2018) ou implementação de estratégias e atividades de promoção da saúde junto à comunidade escolar (Waters et al., 2011), especialmente se essas estratégias promovem a integração da EAN no ambiente escolar de forma que ela não seja só uma atividade pontual, mas com estratégias contínuas (Prado et al., 2012; Teodoro et al., 2018), e sendo incorporada nos conteúdos curriculares trabalhados de forma cotidiana em sala de aula (Greenwood e Fonseca, 2016).

Sampaio-Barbosa et al. (2013), descrevem que os processos educativos que inserem EAN no ambiente escolar constituem uma dinâmica favorável à construção de um perfil de cidadão que sabe, coexiste, pensa e pode transformar sua realidade. E, esses processos podem ser mais promissores se o docente estiver junto, ou seja, se ele estiver bem informado sobre esse tema, e consegue integrá-lo aos conteúdos lecionados em sala de aula, trabalhado de forma crítica, profunda e transversal, considerando as diferentes dimensões do alimento/alimentação, para impactar na melhoria dos hábitos alimentares (Greenwood e Fonseca, 2016; Da Silva et al., 2018).

No entanto, apesar de que no Brasil a EAN foi adotada como estratégia para melhorar a alimentação e prevenir doenças crônicas no ambiente escolar (Ministério da Saúde do Brasil, 2006; Presidência da República, 2015), e de recentemente ter sido incluída como tema transversal no ensino fundamental e médio (Congresso Nacional do Brasil, 2018), ela só conseguirá exercer esse papel se os diferentes atores estiverem envolvidos, cientes e comprometidos com essa ação, o que está alinhado com o disposto no Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, documento publicado em 2012 com o intuito de orientar a implementação de políticas públicas para Promoção da Alimentação Adequada e Saudável e a Segurança Alimentar e Nutricional na população brasileira, através da EAN, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e a Promoção da Saúde (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2012).

Considerando os aspectos supracitados, o presente estudo tem como objetivo identificar pesquisas desenvolvidas no Brasil, em ambiente escolar, que tiveram docentes como alvo de ações de educação alimentar e nutricional.

2. Método

O presente estudo foi norteado pela seguinte questão: “Pesquisas desenvolvidas no Brasil, em ambiente escolar, têm docentes como alvo de ações em temas sobre alimentação ou Educação Alimentar e Nutricional (EAN)?”.

Trata-se de uma revisão sistemática mista da literatura, ou seja, o estudo é guiado por uma questão de pesquisa na qual se identifica, seleciona, avalia e sintetizam estudos qualitativos, quantitativos ou estudos mistos (Galvão et al., 2018; Popay et al., 2006).

2.1. Identificação da literatura relevante

A busca de artigos para responder a pergunta deste estudo foi realizada nas bases de dados eletrônicas Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE)/PubMed® , Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud (LILACS) e Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Para esta pesquisa, foram considerados os seguintes descritores: Educação Alimentar e Nutricional, educação nutricional, escolares, escola, docentes e Brasil, e suas versões em inglês. O conectivo lógico “AND” foi sistematicamente usado para combinar descritores e termos utilizados para rastrear as publicações. A busca foi realizada por um pesquisador entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020, optou-se por busca de artigos publicados no período de 10 anos prévios ao surgimento da pandemia de COVID-19, entre os anos 2009 e 2019. No total, foram identificados 436 artigos publicados nas plataformas consultadas. A estratégia de pesquisa é apresentada na Figura 1.

2.2. Seleção da literatura

Dentre os artigos identificados, apenas aqueles que atenderam aos seguintes critérios de inclusão foram selecionados: a) estudos originais desenvolvidos no Brasil no qual docentes e/ou equipe pedagógica foram alvo de ações sobre alimentação ou EAN; b) artigos publicados entre 2009 e 2019.

Os critérios de exclusão adotados foram: a) trabalhos do tipo: revisões bibliográficas, cartas, resenhas, resumos de eventos científicos; b) publicações do tipo: tese, dissertação, livros, capítulos de livros, publicações governamentais, boletins informativos; c) estudos publicados antes de 2009; d) estudos duplicados; e) estudos desenvolvidos fora do Brasil.

Após a busca do quantitativo de trabalhos publicados nas diferentes bases de dados eletrônicos, ocorreu leitura de títulos e resumos dos artigos que se enquadravam nos critérios de inclusão. Uma vez aplicados os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados os artigos que compuseram o banco inicial de análise; Dois estudos foram incluídos pois apesar de atingir os critérios de inclusão, não foram identificados na busca inicial com os descritores estabelecidos, no entanto, as autoras tinham conhecimento dessas pesquisas e buscaram por esses artigos.

Posterior a essa etapa, foi realizada a leitura aprofundada dos estudos pré-selecionados e os trabalhos que não preencheram os critérios de inclusão foram retirados do banco de análise. Por fim, os artigos incluídos na revisão foram aqueles que atenderam aos critérios de inclusão após a leitura na integra. Nessa etapa restaram 20 estudos (Figura 1).

Fonte: Elaboração própria

Figura 1: Fluxograma das fases da revisão mista, 2020. 

2.3. Avaliação e síntese da literatura

Ao serem incluídos estudos de abordagem qualitativa, quantitativa e mista, foi feita uma síntese preliminar que consistiu em extrair e organizar as principais características dos estudos selecionados em uma tabela a partir da leitura flutuante, a saber: Autor(es), cidade, estado e ano de publicação, público, objetivo do estudo, ações desenvolvidas e/ou material elaborado, tipo de pesquisa e tipo de escola envolvida, o que permitiu explorar os textos e identificar os temas que abrangiam a pergunta de pesquisa.

Posteriormente, foi realizada uma análise temática (Galvão et al., 2018) com a categorização dos temas que emergiram nos estudos, a mesma foi feita em forma de síntese narrativa como descrito por Popay et al. (2006), que consiste numa abordagem para a revisão e síntese sistemática de descobertas de vários estudos, baseada no uso de palavras e texto para resumir e explicar as descobertas da síntese. Embora a síntese narrativa possa envolver dados estatísticos, a característica definidora é que ela adota uma abordagem textual do processo de síntese para narrar as descobertas dos estudos incluídos.

A síntese narrativa é vista como uma das melhores abordagens para a síntese de descobertas de vários estudos, para ser usada quando a meta-análise estatística ou outra forma de síntese especializada (como meta-etnografia de estudos qualitativos) não for viável (Popay et al., 2006), e pode propiciar um conhecimento mais abrangente à variedade de metodologias e abordagens aplicados nos estudos. É importante destacar a diferença entre a análise de conteúdo: técnica quantitativa baseada em categorias a partir da quantificação de dados qualitativos; e a análise temática desenvolvida nesta pesquisa: uma técnica qualitativa baseada na proposição de temas (Galvão et al., 2018).

3. Resultados e Discussão

Após a busca e aplicação dos filtros, foram encontrados 435 artigos, porém, apenas 20 deles atenderam aos critérios estabelecidos para responder à pergunta de pesquisa, 10 estudos foram obtidos da base eletrônica SciELO, 4 em LILACS, 1 em Medline/PubMed, 3 no Portal Periódicos CAPES e 2 por busca direta ou manual (Rodrigues, 2018; Da Silva et al., 2018). Os estudos selecionados são caraterizados na Tabela 1, a qual apresenta alguns atributos dos estudos. A maioria das pesquisas selecionadas (70%; n=14) tiveram abordagem qualitativa, e o restante (20%; n=4) quali-quantitativa ou mista, e quantitativa (10%; n=2).

Quanto à distribuição geográfica, apenas um estudo abrangeu todas as regiões do Brasil, a maioria (35%; n=7) foi desenvolvida na região sudeste, seguido da região nordeste (25%; n=5). A maior proporção de estudos na região sudeste pode ser justificado, segundo Greenwood e Fonseca (2016), pelo fato do maior número de instituições de ensino superior com cursos de graduação e pós-graduação na área de saúde e nutrição ser localizado nessa região.

Observa-se na Tabela 1 que grande parte dos estudos abrangeram poucas escolas, a maioria foram desenvolvidos em unidades escolares específicas, sem envolver redes de ensino completas, e poucos incluíram as unidades gestoras de educação. Por outro lado, a maioria (85%; n=17) teve como foco das ações, docentes nos diferentes anos, além da equipe pedagógica, diretores e outros profissionais.

Destaca-se que, as publicações ocorreram em maior proporção entre os anos 2009-2014 (60%; n=12), período no qual foi publicado o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as políticas públicas (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2012); e no decorrer do tempo o número de publicações foi diminuindo, com apenas 8 artigos (40%) publicados entre 2015-2019.

3.1. Análise temática

Foram extraídos dois temas principais dos estudos selecionados, sendo eles: 1) formação de professores escolares para a prática da EAN na escola e 2) percepções, conhecimento dos docentes e inserção da EAN na rotina de ensino. O primeiro tema apareceu em 35% (n=7) das publicações e o segundo em 65% (n=13) dos estudos selecionados.

3.1.1 Tema 1. A formação de professores escolares para a prática da EAN na rotina de ensino

A formação de docentes e/ou equipe escolar foi descrita em sete dos estudos desta revisão (Cunha et al., 2010; Juzwiak et al., 2013; Longo-Silva et al., 2013; Santos et al., 2013; Da Silva et al., 2018; Sobral e Santos, 2010; Yokota et al., 2010). Nesse sentido, Da Silva et al. (2018), descreveram estudo com sessões reflexivas e pesquisa crítica de colaboração para realizar formação de docentes e coordenadores pedagógicos em EAN durante um período de 8 meses. O grupo alvo da ação realizou uma análise da matriz curricular e elaborou atividades com inserção interdisciplinar da EAN no currículo escolar, considerando os conteúdos e o grau de complexidade de cada ano escolar. Segundo as autoras, a metodologia utilizada favoreceu a formação de recurso humano numa construção coletiva de conhecimento novo sobre como promover a alimentação saudável no ambiente escolar.

Nessa direção, alguns pesquisadores referiram que esse tipo de iniciativa deve ser concebida numa perspectiva de educação permanente (Juzwiak et al., 2013; Santos et al., 2013). Assim, Juzwiak et al. (2013) mencionam que, para a realização do trabalho de EAN na escola é importante que haja comunicação e envolvimento de toda a comunidade escolar, que a EAN seja incorporada no currículo, e que a alimentação escolar pode e precisa se tornar uma ferramenta educativa. A incorporação desse tema no currículo escolar foi também defendida por Da Silva et al. (2018) e Bernardon et al. (2009).

Segundo Santos et al. (2013), a continuidade das ações, ou seja, a formação permanente da equipe escolar poderá evitar a fragilização da motivação dos professores quando eles retornarem ao ambiente laboral após participarem de cursos de formação em EAN.

As estratégias utilizadas para formação docente foram também discutidas por alguns pesquisadores. Da Silva et al. (2018), utilizaram método que colocou a ação como foco de todo o processo de formação docente. Tal método favoreceu uma experiência emancipatória aos docentes possibilitando-lhes a participação de um processo de formação reflexiva que lhes permitiu associar discussão teórica e as práticas em sala de aula. Assim, conectar pesquisa, treinamento e colaboração crítica abriu a possibilidade dos participantes, incluindo pesquisadores, de aprenderem através da participação coletiva ao longo do processo.

Ademais, Longo-Silva et al. (2013), citam que na qualificação de docentes, é importante considerar com qual público eles trabalham: se é com crianças de creche, ensino fundamental I ou II. No caso da formação de docentes da creche, por exemplo, devido à faixa etária das crianças, os docentes se envolvem de forma mais participativa e direta na alimentação escolar das crianças e os treinamentos na área de alimentação e nutrição se tornam ainda mais importantes ao considerar esses fatos.

Além desses aspectos, Sobral e Santos (2010) relatam que, na qualificação docente é igualmente importante a avaliação da eficácia da capacitação realizada, e para tal, é necessário aplicar indicadores que permitam medir o alcance dos objetivos e a viabilidade da inserção da EAN e/ou a Promoção da Alimentação Adequada e Saudável no trabalho docente. Assim, ao trabalhar nessa perspectiva, o pesquisador precisa desenvolver instrumentos de avaliação dos cursos com indicadores de adequação de conteúdo, carga horária, qualidade do material didático, preparo dos capacitadores, dentre outros.

Yokota et al. (2010) mencionam que professores bem qualificados em EAN conseguem atuar de forma a atingirem resultados similares aos alcançados por nutricionistas, no que se refere à EAN no ambiente escolar. Assim, investir em qualificação docente em EAN é uma excelente estratégia para Promoção da Alimentação Adequada e Saudável no ambiente escolar.

3.1.2. Tema 2. Percepções, conhecimento dos docentes e inserção da EAN no ambiente escolar

Como citado anteriormente, ao trabalharem com docentes, a maioria dos pesquisadores tiveram como objetivo compreender a percepção desses sobre EAN, identificar o conhecimento deles sobre o tema, e verificar se eles incluíam a EAN em suas aulas (Albuquerque et al., 2013; Azeredo et al., 2014; Cervato-Mancuso et al., 2013; Cunha et al., 2010; Piccoli et al., 2010; Rodrigues, 2018; Silva et al., 2019).

Nesse sentido, alguns autores descrevem que os docentes reconhecem o importante papel da escola na formação dos hábitos alimentares dos escolares e se auto reconhecem como agentes fundamentais na promoção da alimentação saudável e qualidade de vida no ambiente escolar (Rocha e Facina, 2017). Igualmente, atividades de promoção à saúde realizadas com os escolares podem propiciar também, no corpo docente, a aquisição de conhecimentos importantes e úteis para sua vida.

No entanto, Rodrigues (2018) relata que, a maioria dos docentes participantes do seu estudo disseram se sentir pouco preparados para trabalhar de forma transversal a temática EAN, de acordo com o preconizado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Esse fato foi atribuído à deficiência na formação inicial e continuada, ausência de formação para trabalhar com essa temática, além de dificuldades relacionadas com a disponibilidade de material de apoio para consulta.

Outro ponto importante identificado por Rodrigues (2018) foi a dificuldade dos professores no desenvolvimento de suas atividades pedagógicas, devido a trabalharem em duas ou mais escolas, uma realidade comum na área da educação.

Piccoli et al. (2010) identificaram que as atividades promotoras da alimentação saudável no ambiente escolar são abordadas em conteúdos específicos, principalmente na disciplina de ciências e apenas em anos específicos. As principais fontes de consulta de informação dos docentes para planejar essas aulas são o livro didático e a internet. Em função disso, ressaltam a importância da EAN ser incentivada pelos órgãos públicos, por meio de cursos de capacitação docente e propostas de trabalho para inseri-la nas escolas.

Alguns pesquisadores citaram que a alimentação escolar pode ser utilizada para as ações de EAN e promoção de hábitos alimentares saudáveis. A horta escolar também foi identificada como espaço profícuo para reflexão sobre o alimento e a alimentação, com conhecimento adquirido de forma prática e através do contato direto com o cultivo de alimentos (Garcia et al., 2017). Nesse sentido, Coelho e Bógus (2016) relatam que a horta pode ser um instrumento educativo, visto que favorece a vivência, troca de experiências e aprendizagem prática, ao tempo que estreita os vínculos com a natureza e com outras pessoas.

Garcia et al. (2017) mencionam ainda que a horta escolar pode favorecer mudanças na alimentação, maior conhecimento sobre os alimentos e o sistema alimentar, valorização dos alimentos produzidos e motivação para experimentar novos alimentos. Assim, quando os discentes se envolvem com o cultivo de alimentos na horta escolar, há contato com alimentos in natura e com alimentos orgânicos. No entanto, essa atividade ainda não se encontra no projeto pedagógico de muitas escolas, apesar de ter sido reconhecida sua importância na comunidade escolar (Cunha et al., 2010).

Silva et al. (2019) descrevem que valorizar a alimentação escolar, por meio do exemplo dos docentes ao comerem as refeições produzidas na escola, contribui ainda para a desconstrução do estigma de que a alimentação escolar não é boa. Cervato-Mancuso et al. (2013) citam que, apesar de que a alimentação escolar poder ser utilizada para promoção de bons hábitos alimentares entre escolares, na maioria dos casos, esse espaço não é percebido nem aproveitado com esse potencial educativo. Isso se deve à visão assistencialista predominante da alimentação escolar, a qual é vista apenas como forma de atender às necessidades nutricionais e sem ação pedagógica (Cervato-Mancuso et al., 2013). Camozzi et al. (2015) mencionam também que outra atividade promotora da alimentação saudável identificada no ambiente escolar são as modificações nos cardápios para aumentar a aceitação das preparações.

Os mesmos autores citam ainda, que a tarefa de inserir transversalmente a EAN no currículo das disciplinas escolares não é ainda uma realidade vivenciada nas escolas (Camozzi et al., 2015). Nesse sentido, Ruwer e Mainbourg (2015) defendem a participação de nutricionistas para apoiar as atividades de EAN no ambiente escolar, bem como um maior envolvimento dos pais. Também, a esse respeito Rangel et al. (2014) citam que os professores de ciências consideram que eles podem ser um grande apoio nessa ação, já que muitos deles já incluem a EAN em suas atividades escolares, mesmo quando não estão previstas no currículo da disciplina.

No entanto, destaca-se que a EAN também deve ser aplicada em outras disciplinas e não se restringir apenas à disciplina de ciências, especialmente porque atualmente a EAN é um tema transversal que deve perpassar o currículo escolar de todas as disciplinas do ensino fundamental e médio no Brasil. Se ficasse restrita apenas a essa disciplina, provavelmente será abordada sob uma visão biologicista da alimentação (Camozzi et al., 2015). Assim, Albuquerque et al. (2013) citam que esse tipo de visão reducionista privilegia os aspectos biológicos da alimentação, sendo vista apenas como uma forma de prevenir doenças.

Nesse sentido, Rodrigues (2018) alerta também que as ações de EAN não se devem limitar ao espaço escolar, nem a eventos específicos isolados na escola como mostra pedagógica. Essas ações podem e devem se extrapolar à comunidade escolar, alcançar os familiares dos escolares, a casa dos docentes e de seus familiares e as escolas daqueles docentes que têm mais de um local de trabalho (Azeredo et al., 2014). Vistas dessa forma, as ações de EAN podem promover com maior intensidade a melhoria dos hábitos alimentares, não apenas das crianças, mas de toda a comunidade escolar e até além dela.

Levando em consideração que desde o final de 2019, iniciou-se o que viria a ser a pandemia de COVID-19, que gerou uma situação de emergência internacional com um grande número de mortes, e que exigiu uma série de medidas para conter a propagação da doença; entre essas medidas se incluíram práticas de distanciamento físico, quarentena, fechamento de escolas e implementação de estratégias de ensino remoto, portanto, recomenda-se também a avaliação do impacto desses eventos na implementação de ações de Educação Alimentar e Nutricional nesse contexto, bem como dos possíveis efeitos no período pós-pandemia nas práticas pedagógicas em nível escolar.

Dentre as limitações do presente estudo encontra-se o fato de que a busca abrangeu apenas estudos publicados entre 2009 e 2019, assim, essa revisão não considera estudos publicados no período da pandemia e pós-pandemia de COVID-19. No entanto, esse critério permite mostrar um panorama prévio a esse acontecimento de saúde pública sem precedentes no mundo, que modificou em grande medida o tipo de ações de EAN realizadas nesse período. Nesse sentido, o presente estudo permitiu sistematizar o conhecimento sobre as ações desenvolvidas no Brasil prévio à pandemia, disponibilizando esses achados de forma organizada, de modo a avaliar comparativamente as ações de EAN com docentes como público alvo no período da pandemia e posterior a esse evento em futuras pesquisas.

Além disso, a busca bibliográfica inicial da presente revisão foi realizada por uma única pesquisadora, no entanto, a estratégia de busca foi planejada por duas pesquisadoras e foram analisados em consenso aqueles artigos que atingiram os critérios de inclusão. Finalmente, no presente estudo se aplicou uma metodologia de revisão sistemática mista da literatura que permitiu abranger uma maior variedade de estudos com métodos de pesquisa tanto quantitativos quanto qualitativos, condizente com a natureza interdisciplinar da EAN, e não se limitando às análises de tipo quantitativas, permitindo assim ampliar a compreensão do objeto de pesquisa.

Tabela 1 Estudos brasileiros sobre Educação Alimentar e Nutricional no ambiente escolar com docentes ou equipe pedagógica como alvo da ação, no período 2009-2019. 

Autores / cidade Foco das ações Objetivo do estudo Elaborou material educativo / Ação desenvolvida Tipo de pesquisa / Tipo de escola envolvida
Silva et al. (2019) Santo Antônio de Jesus/BA Docentes, docente articuladora, discentes, diretora, cozinheira e auxiliar de serviços gerais Compreender as interações entre práticas alimentares em torno da alimentação escolar e identidades. Não. Realizou entrevista para compreender os processos de ressignificação das identidades da escola e da própria alimentação escolar como resultante dos próprios processos identitários dos alunos e da gestão da alimentação escolar no âmbito da escola estudada. Qualitativa/ Etnogáfica com Entrevista/ Escola púbica
Da Silva et al. (2018) Diamantina/MG Docentes e supervisores pedagógicos Descrever formação de professores com vistas ao desenvolvimento de estratégias de EAN para o ensino fundamental pautada na Colaboração Crítica. Não. Desenvolveu oficinas reflexivas com docentes e supervisores do EFI. Intervenção/ Qualitativa/ Três escolas municipais
Rodrigues (2018) Itauba/PB Docentes e gestores Analisar a aplicabilidade da Educação Alimentar e Nutricional no contexto educacional tendo como base os PCN’s transversais de saúde. Não. Realizou entrevista semiestruturada com professores e gestores de uma escola municipal e estadual. Qualitativa/ Estudo de caso com entrevista Duas escolas
Rocha e Facina (2017) Amargosa/BA Docentes e discentes Verificar o conhecimento de professores do EFI acerca do papel da escola na formação dos hábitos alimentares dos escolares. Sim: planos de trabalho e atividades de acordo com as faixas etárias dos escolares para apoio dos professores na promoção da saúde do escolar. Realizou entrevista com docentes para verificar o conhecimento deles sobre o papel da escola na formação dos hábitos alimentares dos escolares. Quali-quantitativo/ Entrevista/ Seis escolas municipais
Garcia et al. (2017) São Paulo/SP Docentes, diretores, funcionários e pais Descrever o impacto na alimentação associado à experiência de crianças na produção de alimentos em hortas escolares, de acordo com a percepção de pais e educadores. Não. Realizou entrevistas em profundidade com diretores, professores e funcionários, e entrevistas semiestruturadas com pais de alunos. Entrevistas/ Três escolas
Coelho e Bógus (2016) Embu das Artes/SP Docentes, funcionários e diretores Compreender como a experiência pessoal de envolvimento com plantio e a experiência de participação na horta escolar contribuem para a construção de uma relação com a comida. Não. Realizou entrevista para compreender como eles percebem a horta escolar. Qualitativa/ Entrevista/ Três escolas municipais
Camozzi et al. (2015) Uma capital brasileira Docentes, diretores, coordenadores, manipuladores de alimentos e representantes do conselho escolar Analisar a percepção e as ações de promoção da alimentação saudável realizadas por atores da comunidade escolar. Não. Realizou estudo utilizando grupo focal para verificar como atores da comunidade escolar viam e atuam como promotores da alimentação saudável na escola. Qualitativa/ Grupo focal/ Seis escolas municipais de ensino fundamental
Ruwer e Mainbourg (2015) Manaus/AM Diretores, coordenadores pedagógicos, responsáveis pela cantina e docentes Verificar implantação da portaria do MEC/MS 1.010/06 nas escolas. Não. Realizou entrevistas com diretores ou coordenadores pedagógicos e com responsáveis pela cantina e grupos focais com docentes para verificar implantação da portaria do MEC/MS 1.010/06 que coloca a escola como ambiente indicado para promover hábitos alimentares saudáveis e observar os alimentos disponíveis para consumo nas escolas. Quanti-qualitativa/ Grupo focal/ Entrevista e observação/ Quatro escolas privadas
Rangel et al. (2014ª) Vila Velha/ES, Aracaju /SE, Caxias do Sul/RS, Aparecida em Goiânia/GO, e Macapá/AP Docentes da disciplina ciências Construir uma aproximação transdisciplinar entre campos de pesquisa científica e campos de prática, a partir da análise de um estudo de caso integrado realizado em escolas brasileiras. Não. Realizou entrevista com diferentes atores estudantes, docentes, cozinheiros, diretores, nutricionistas do PNAE, pesquisadores, políticos e membros do CAE. Qualitativa/ Entrevista/ Seis escolas municipais
Azeredo et al. (2014) Rio de Janeiro/RJ Docentes e pais de pré-escolares Analisar percepção dos responsáveis pelos pré-escolares e dos docentes sobre ações educativas lúdicas aplicadas numa creche. Não. Realizou entrevista com docentes, e grupo focal com pais. Quanti-qualitativa/ Entrevista/ Grupo focal/ Creche publica
Longo-Silva et al. (2013) Santo Amaro/SP Docentes e gerente de creche Avaliar o impacto de um treinamento de educadores de creches nas percepções e práticas acerca da alimentação infantil. Não. Ministrou curso de “Nutrição e saúde de lactentes para docente e gerente de creche. Qualitativa/ Grupo focal/Curso/8 creches
Juzwiak et al. (2013) Nove municípios que compõem a Baixada Santista/SP Docentes, diretores, assistentes de direção, coordenadores pedagógicos, nutricionistas do CAE e graduandos de nutrição Descrever o desenvolvimento de oficina permanente de educação alimentar e em saúde, com profissionais envolvidos na promoção da alimentação saudável na escola. Não. Desenvolveu oficinas reflexivas com diferentes atores do ambiente escolar. Intervenção/ Qualitativa/ Escolas municipais
Albuquerque et al. (2013) Machados /PE Docentes, técnicos de ensino e nutricionistas Desvelar os conhecimentos de educadores e nutricionistas sobre a EAN no ambiente escolar. Não. Realizou entrevista com técnicos de ensino, docentes e nutricionistas. Qualitativa/ Entrevista/ Uma escola estadual
Santos et al. (2013) Salvador/BA e Aracaju /SE Coordenadores pedagógicos Realizar formação de coordenadores pedagógicos em Alimentação Escolar. Não. Realizou oficinas com coordenadores pedagógicos sobre alimentação escolar. Intervenção/ Qualitativa/ Rede pública de ensino
Cervato-Mancuso et al. (2013) Guarulhos/SP Coordenadores pedagógicos e diretores Identificar as percepções dos gestores pedagógicos a respeito da relação da alimentação na escola e a promoção dos hábitos alimentares entre escolares. Não. Realizou entrevista com gestores pedagógicos. Qualitativa/ Entrevista/ Escolas municipais
Sobral e Santos (2010) Salvador/BA Docentes, gestores e merendeiras Descrever a construção de um método para formação em alimentação para atores escolares e avaliação de sua aplicabilidade. Não. Realizou entrevistas e curso sobre alimentação saudável com docentes, gestores e merendeiras. Quantitativa/ Questionário e curso de formação em alimentação saudável/ Escolas municipais
Yokota et al. (2010) Brasília/DF Docentes e discentes Analisar e comparar o conhecimento sobre nutrição de professores e alunos do Projeto “a escola promovendo hábitos alimentares saudáveis”, submetidos a duas estratégias de educação nutricional em escolas do Distrito Federal. Não. Realizou ações de EAN utilizando duas estratégias diferentes, sendo uma desenvolvida pela equipe de pesquisadores em outra por docentes previamente capacitados em curso realizado pela equipe de pesquisadores. Aplicou ainda questionários para discentes e docentes. Quantitativa/ Questionário e intervenção/ Seis escolas públicas e uma privada
Piccoli et al. (2010) Xaxim e São Carlos/SC Docentes Verificar de que maneira professores das séries iniciais do ensino fundamental de escolas públicas estaduais buscam informações sobre a temática alimentação e nutrição e como esse conteúdo é abordado em sala de aula. Não. Realizou análise do Projeto Político Pedagógico das escolas para verificar a presença da temática alimentação e nutrição e se eram contempladas as orientações encontradas nos parâmetros curriculares nacionais e na Proposta Curricular de Santa Catarina e conhecer de que forma os pesquisados buscam informações para o desenvolvimento de seus planejamentos anuais e de suas práticas em sala de aula quanto à temática alimentação e nutrição. Quanti-qualitativa/ Análise documental e entrevista/ Todas as escolas públicas de Xaxim e São Carlos
Cunha et al. (2010) Florianópolis/SC Docentes, pedagógica diretora, gerente de alimentação escolar, nutricionista responsável pela alimentação escolar e escolares Fazer o diagnóstico das ações educativas e alimentação orgânica do PSS em uma escola estadual em Florianópolis. Não. Realizou grupos focais para se discutir percepção sobre a alimentação oferecida na escola. Qualitativa/ Entrevista semiestruturada, a análise documental e os grupos focais/ Uma escola estadual
Bernardon et al. (2009) Brazlândia, São Sebastião e Samambaia/DF Docentes do ensino infantil e fundamental Construir metodologia de capacitação em educação nutricional para educadores do EFI. Não. Realizou curso de educação nutricional para docentes. Intervenção/ Qualitativa/ Três escolas públicas e uma privada

EAN: Educação Alimentar e Nutricional; PCNs: Parâmetros Curriculares Nacionais; EFI: Ensino Fundamental I; MEC: Ministério da Educação; MS: Ministério da Saúde; CAE: Comitê de Alimentação Escolar; PSS: Projeto Sabor Saber. Siglas de estados brasileiros: BA: Bahia; MG: Minas Gerais; PB: Paraíba; SP: São Paulo; AM: Amazonas; ES: Espírito Santo; SE: Sergipe; RS: Rio Grande do Sul; GO: Goiás; AP: Amapá; RJ: Rio de Janeiro; PE: Pernambuco; DF: Distrito Federal; SC: Santa Catarina.

4. Conclusões

Os achados da presente pesquisa evidenciam que para os docentes atuarem como promotores da alimentação saudável no ambiente escolar é necessário que participem de cursos de formação em EAN e que estes sejam planejados numa perspectiva de educação permanente. Ademais, é importante que os docentes tenham acesso a materiais didáticos adequados para o trabalho desse tema na escola. Igualmente necessária é que a EAN seja de fato trabalhada de forma transversal na educação básica como recomenda a Lei nº 13.666/2018. E nestas ações é importante o envolvimento das famílias dos escolares, especialmente os pais, pois eles são os agentes mais próximos envolvidos na formação dos hábitos alimentares dos filhos. O trabalho de EAN de forma transversal e interdisciplinar deve ampliar as ações e olhares para além do foco biológico ou clínico e favorecer o exercício docente na Promoção da Alimentação Adequada e Saudável no ambiente escolar.

Considera-se ainda que, devido à importância da EAN no ambiente escolar, os gestores educacionais devem ficar atentos a essa temática no sentido de propiciarem condições para que a comunidade escolar se aproprie dele e sejam promotores da alimentação saudável na escola, e que isso aconteça de forma continua e adaptada às características e necessidades locais nas diferentes regiões do Brasil.

Agradecimientos

Bolsa de Mestrado de YJMU - Programa de Pós-Graduação em Saúde, Sociedade e Ambiente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

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* Yazareni José Mercadante Urquía . Doctoranda en Salud Colectiva (UFES, Brasil). Magíster en Salud, Sociedad y Ambiente (UFVJM, Brasil 2020). Licenciada en Nutrición y Dietética (UCV, Venezuela 2015), con experiencia en las áreas de Educación Alimentaria y Nutricional (EAN), epidemiología nutricional, salud materno-infantil, lactancia materna y bancos de leche humana. Investigadora y autora de artículos sobre elaboración y validación de materiales educativos en EAN dirigida a docentes escolares, así como de material para la promoción, protección y apoyo a la lactancia materna en la población materno-infantil, y el desarrollo de capacitaciones a distancia en EAN orientado a docentes escolares.

** Luciana Neri Nobre . Doctora en Ciencias de la Salud (UFMG, Brasil 2011). Magíster en Ciencia y Tecnología de Alimentos (UFV, Brasil 2002). Licenciada en Nutrición (UFOP, Brasil 1999). Profesora de la UFVJM, Brasil. Líder del grupo “Alimentación, Educación Alimentación y Nutricional: subjetividad, sociedad y cultura”, Coordinadora del Programa de Posgrado en Ciencias de la Nutrición, del Laboratorio de Educación Alimentaria y Nutricional y de la Escuela Clínica de Nutrición DNUT/UFVJM. Investigadora y autora en las temáticas Educación Alimentaria y Nutricional en los diferentes ciclos de vida, elaboración y validación de materiales de educación para la salud, entre otras.

Recebido: 15 de Fevereiro de 2023; Aceito: 24 de Abril de 2023

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