Interciencia
versión impresa ISSN 0378-1844
INCI v.26 n.9 Caracas set. 2001
LUTO E INDIGNACIÓN
La comunidad científica toda, incluyendo sus organizaciones y sus voceros, no puede permanecer pasiva e indolente ante los execrables actos terroristas ocurridos recientemente en las ciudades de Nueva York y Washington. La violencia indiscriminada e increíblemente alevosa que elimina irreversiblemente a millares de vidas inocentes representa una forma de locura agresiva intolerable y causa un daño moral imposible de medir a la inteligencia del ser humano y a su dignidad.
Además de reaccionar con sorpresa, estupor y sensación de impotencia comprensibles, la comunidad científica está obligada a hacer patente su indignación ante tales hechos y expresar su más enérgico repudio a dichos actos y sus perpetradores, a la par de solidarizarse con quienes busquen para la humanidad un ámbito de paz y entendimiento entre creencias, valores y enfoques diferentes.
En una tal búsqueda de paz y entendimiento la inacción no es aceptable. Es perder la batalla y permitir que el terror invada los más recónditos espacios de nuestro mundo ilustrando, en su peor manifestación, la tan criticada globalización por la que atravesamos. A pesar de que cada día destrozamos un poco más nuestro planeta en búsqueda de progresos a veces nada equitativos y muy cuestionables, éste es aun pródigo en recursos y posibilidades para todos sus pobladores.
Es tan real como inaceptable que diferentes escalas de valores y acervos culturales, que a su vez resultan en esa riquísima diversidad de la humanidad, sean distorsionados e invalidados cuando se siguen ciega y fanáticamente los dictámenes atribuidos a un creador quien, si bien está supuesto a ser el mismo para todos los hombres, de alguna forma revela instrucciones muy diferentes y hasta diametralmente opuestas a distintos grupos de seguidores, conducentes a odios, guerras y matanzas en su nombre. Se trata de fundamentalismos indoctrinantes que, paradójicamente, muchos consideraríamos inconcebibles en nuestros tiempos.
Si bien diversas formas de terrorismo han existido a lo largo de la historia y en tiempos recientes se han recrudecido o formalizado, la escala de destrucción a que puede llegar el uso criminal de los avances científicos y tecnológicos, incluyendo dispositivos químicos, biológicos y nucleares, así como recursos disponibles de alta tecnología, rebasa la racionalidad. Hoy más que nunca, ante la palpable y amenazante presencia global de elementos y grupos terroristas que, sin apreciar las consecuencias de sus actos ni escatimar los medios empleados arrasan con objetivos considerados enemigos, es responsabilidad de la comunidad científica abogar sin descanso por la desaparición de esas formas de actuación y buscar formas de sana convivencia que permitan valorar la diversidad de creencias y culturas.
Para quienes consideramos como una responsabilidad social el construir un mundo mejor para las generaciones venideras de todos los pueblos de la tierra, no hay alternativa.
Interciencia se une al dolor que afecta a los deudos de las víctimas de la catástrofe en numerosos países al expresar su condolencia y su indignación por lo ocurrido, al tiempo de hacer votos por un futuro más pacífico y racional para todos.
Miguel Laufer
Director
MOURNING AND INDIGNATION
The scientific community as a whole, including its organizations and spokesmen, cannot remain passive and indolent in face of the execrable terrorist acts recently ocurred in New York City and Washington, DC. The indiscriminate violence and incredible alevosy that irreversibly ends thousands of innocent lives represents a form of intolerable agressive madness and leads to a moral damage to human intelligence and human dignity that cannot be measured.
In addition to understandable reactions of surprise, stupor and a feeling of impotence, the scientific community ought to express its indignation and affirm its most energetic rejection of such acts and their perpetrators, besides manifesting its solidarity with those who search for a climate of peace for humanity and understanding among beliefs, values and differing viewpoints.
In such a search for peace and understanding, inaction is unacceptable. It represents loosing the blattle and allowing terror to pervade the most hidden spaces of our world, illustrating in its worst manifestation the very criticized globalization that is presently taking place. Despite the fact that each day we destroy a bit more of our world in search of a very questionable progress that commonly lacks equity, the planet remains prodigal in resources and possibilities for all its population.
It is as real as unacceptable that different scales of values and cultural backgrounds, which in turn result in the inmense richness of humanity, be distorted and invalidated when dictates from a creator who, while supposedly the same for all mankind, is followed blindly and fanatically when somehow very different and even diametrically opposite instructions are revealed to different groups of followers, leading to hatred, war and killing in his name. We are dealing with indoctrinating fundamentalisms that, paradoxically, many would consider as unconceivable in our times.
While diverse forms of terrorism have existed through history and have been enhanced or formalized in recent times, the scale of destruction achievable through the criminal use of scientific and technological advances, including chemical, biological and nuclear weapons, as well as available high technology resources surpasses all rationality. Today, more than ever, it is the reponsibility of the scientific community to fight unfaillingly for the disappearance of such ways of proceeding and to search ways of healthy coexistaence that allow for the recognition of the diversity of beliefs and cultures, in view of the real and menacing global presence of terrorist groups and individuals who, notwithstanding the consecuences of their actions nor sparing the means employed, sweep objectives considered as enemies.
For those who consider as a social responsibility the construction of a better world for the future generations of all the peoples on our planet, there is no alternative.
Interciencia joins in the grief that affects all relatives and friends of the victims of the catastrophe in many countries and expresses its condolence and indignation, while formulating wishes for a more paeceful and rational future for all.
Miguel Lufer
Editor
LUTO E INDIGNAÇÃO
Toda a comunidade científica, incluindo suas organizações e seus porta-vozes, não podem permanecer passivas e indolentes frente aos execráveis atos terroristas ocorridos recentemente nas cidades de Nova Iorque e Washington. A violência indiscriminada e incrivelmente aleivosa que elimina irreversivelmente a milhares de vidas inocentes representa uma forma de loucura agressiva intolerável e causa um dano moral impossível de medir à inteligência do ser humano e a sua dignidade.
Além de reagir com surpresa, estupor e sensação de impotência compreensíveis, a comunidade científica está obrigada a fazer patente sua indignação diante de tais fatos e expressar seu mais enérgico repudio a ditos atos e seus perpetradores, com o intuito de solidarizar-se com quem busque para a humanidade um âmbito de paz e entendimento entre crenças, valores e enfoques diferentes.
Em tal busca de paz e entendimento a inação não é aceitável. É perder a batalha e permitir que o terror invada os mais recônditos espaços de nosso mundo ilustrando, em sua pior manifestação, a tão criticada globalização pela que atravessamos. Apesar de que cada dia destroçamos um pouco mais nosso planeta em busca de progressos as vezes nada eqüitativos e muito questionáveis, este é ainda pródigo em recursos e possibilidades para toda sua população.
É tão real como inaceitável que diferentes escalas de valores e acervos culturais, que a sua vez resultam nessa riquíssima diversidade da humanidade, sejam distorcidos e invalidados quando são seguidas cega e fanaticamente os ditames atribuídos a um criador que, se bem está suposto a ser o mesmo para todos os homens, de alguma forma revela instruções muito diferentes e até diametralmente opostas a distintos grupos de seguidores, conducentes a ódios, guerras e matanças em seu nome. Se trata de fundamentalismos indotrinantes que, paradoxicamente, muitos consideraríamos inconcebíveis em nossos tempos.
Se bem diversas formas de terrorismo têm existido ao longo da história e em tempos recentes se recrudesceram ou formalizaram, a escala de destruição a que pode chegar o uso criminal dos avanços científicos e tecnológicos, incluindo dispositivos químicos, biológicos e nucleares, assim como recursos disponíveis de alta tecnologia, ultrapassa a racionalidade. Hoje mais que nunca, diante da palpável e ameaçadora presencia global de elementos e grupos terroristas que, sem apreciar as conseqüências de seus atos nem poupar os meios empregados arrasam com objetivos considerados inimigos, é responsabilidade da comunidade científica advogar sem descanso pelo desaparecimento dessas formas de atuação e buscar formas de sana convivência que permitam valorizar a diversidade de crenças e culturas.
Para nós que consideramos uma responsabilidade social construir um mundo melhor para as gerações vindouras de todos os povos da terra, não há alternativa.
Interciência se une à dor que afeta aos parentes e amigos das vítimas da catástrofe em numerosos países ao expressar sua condolência e sua indignação pelo ocorrido, ao tempo de fazer votos por um futuro mais pacífico e racional para todos.
Miguel Laufer
Diretor