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Interciencia

versión impresa ISSN 0378-1844

INCI v.28 n.7 Caracas jul. 2003

 

A CONCIÊNCIA DO DADO

Os países da nossa região, em boa medida, compartilham limitações significativas no que concerne a dispor de informação estatística confiável e atualizada exigida pelo desenvolvimento de suas sociedades. Contrariamente ao que acontece no primeiro mundo, pareceria que grande parte dos responsáveis da condução de instituições públicas e particulares, acadêmicas ou não, não designam a devida importância à recopilação e processamento de dados ("data", segundo um anglicismo muito usado) que são, definitivamente, vitais para suas respectivas funções e para a planificação de suas futuras ações. Isto traz como conseqüência uma notável falta de interesse em todos os níveis institucionais pelo subministro, recolhimento, ordenamento e preservação da informação, existente ou em produção, que pudesse ser de utilidade. Chama, portanto a atenção, em primeiro lugar, a falta de consciência que se observa sobre o valor do dado como elemento fundamental do conhecimento sobre diversos aspectos da sociedade e, em segundo lugar, mas ainda mais importante, a pouca atenção ou a pouca ênfase que boa parte das instituições, tanto públicas como particulares, tem proporcionado para apoiar as iniciativas tendentes à geração de estatísticas apropriadas. Em outras palavras não existe ou, é muito pobre, ao menos na Venezuela, a "consciência ou cultura do dado".

Obviamente existem exceções que correspondem a atividades que requerem forçosamente contar com informação confiável. No mundo dos negócios, nas dependências oficiais relacionadas com a produção, o comércio e as finanças, nos bancos, etc. a manipulação das estatísticas é algo imprescindível e rotineiro. No entanto, em outras áreas de importância para o desenvolvimento não se considera prioritária a geração de essa consciência e os frutos que a mesma poderia produzir.

No campo que em particular nos interessa, o da ciência e a tecnologia, é especialmente notória a ausência de informação estruturada, inclusive nos organismos que deveriam estar na obrigação de oferecê-la de maneira rápida e simples. Consideremos alguns exemplos neste sentido. Desde faz três anos existe na Venezuela um Ministério de Ciência e Tecnologia e, previamente, existiu desde 1.969 o Conselho Nacional de Investigações Científicas e Tecnológicas (CONICIT), organismos oficiais ambos reitores das atividades de C. e T. Pois bem, podemos afirmar que o país não sabe, com certeza, com quantos investigadores conta, nem em total, nem em cada área do conhecimento, nem sobre sua distribuição geográfica, por sexo ou por idade. Talvez o organismo que dispõe da maior quantidade de informação sobre parte dos investigadores venezuelanos é a Fundação Programa de Promoção do Investigador (PPI), desenhada para fornecer os ingressos complementares aos investigadores ativos. No entanto, e este é outro exemplo, se desejamos pesquisar, digamos, quantos físicos estão no programa nos topamos com dificuldades sérias.

Em instituições particulares ocorre outro tanto. Como amostra, temos que na Venezuela existe uma Associação para o Avance da Ciência (AsoVAC), organização sem fins de lucro que tem mais de 50 anos de vida e mais de 4.000 membros. Nestes momentos, apesar dos esforços realizados por diretivos da Associação para que se disponha de dados estatísticos elementares sobre a composição e distribuição de seus membros, área de investigação, correio eletrônico, etc., tal informação ainda não existe, com as conseqüências que isto implica. À falta de empenho institucional tem que acrescentar a ausência da "consciência do dado" entre os próprios interessados, o qual dificulta ainda mais a elaboração de estatísticas úteis.

Duas publicações recentes, a respeito do custo de fazer ciência por J. Requena (Interciência 28: 21-28, 2003) e sobre a emigração de científicos e tecnólogos por I. De la Vega (Interciência 28: 259-267, 2003) também ilustram a situação existente.

Os exemplos podem se multiplicar e não tem a intenção de fazer um estudo exaustivo. A disponibilidade de informação específica, confiável e atualizada não poderá se alcançar de maneira natural e contínua se não se consegue criar antes a "consciência do dado". Isto é muito mais importante que contar com as ferramentas mais modernas oferecidas pela tecnologia da informação as quais, de outro modo, seriam utilizadas para manipular dados inexistentes.

Manuel Bemporad

Diretor Executivo

AsoVAC - Caracas